A Polícia Federal encontrou registros na agenda pessoal do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, primeiro delator do esquema de corrupção na estatal, que reforçam as suspeitas de que políticos receberam propina. Feitas à mão, as anotações datam de 2010, e foram apreendidas na residência de Costa no início do ano, quando a PF deflagrou a Operação Lava Jato. Ao todo, 39 investigados já viraram réus apenas no inquérito restrito às ações de empreiteiras com contratos na petrolífera, que não envolve políticos.
Nos manuscritos, há uma coluna à esquerda de uma página com valores que, segundo Costa, referem-se a pagamentos a políticos. Na coluna da esquerda, os nomes de parlamentares mencionados por ele em seus depoimentos à força tarefa investigatória que envolve Ministério Público Federal e PF. Para cada sigla ou abreviação, um valor correspondente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, que ontem (sexta, 19) revelou o nome de 28 políticos que, segundo Costa, receberam dinheiro desviado da estatal, alguns dos quais como receptadores para posterior repasse a campanhas eleitorais. Essa informação, como as demais reveladas pelo ex-diretor, foram prestadas em regime de delação premiada, que exigem provas como contrapartida para a concessão de benefícios, por parte das autoridades, como redução de sentenças e prisão domiciliar – esta, já concedida a Costa, cuja delação foi homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki.
“As iniciais lançadas na agenda de Costa se referem, segundo ele, a alguns desses políticos. Os investigadores da Lava Jato não puderam avançar na identificação completa dos nomes porque poderiam esbarrar em uma questão sensível do caso – autoridades com foro privilegiado não podem ser rastreadas, exceto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que detém competência exclusiva para processar parlamentares. Em uma página, aparece a sigla PP ao lado do número 28,5 – ou R$ 28,5 milhões, em uma avaliação preliminar dos investigadores. O PP dominava a Diretoria de Abastecimento, na gestão Costa. Ele foi indicado em 2004 para o posto por seu padrinho político, o ex-deputado José Janene (PP/PR), morto em 2010”, diz trecho da reportagem do Estadão, que reproduz em imagem a página com as anotações.
“Abaixo desse primeiro apontamento aparece o número 5,5, ou R$ 5,5 milhões, ao lado das letras Piz, uma referência ao sobrenome do deputado João Alberto Pizzolatti Jr (PP/SC), segundo o delator. Na linha seguinte, 5,0 Mn, supostamente Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades do governo Dilma. Adiante, 4,0 e as letras Nel que, de acordo com Costa, é citação ao deputado Nelson Meurer (PP/PR). Há o lançamento 1,0 BL, iniciais do deputado Benedito Lira (PP/AL), 0,3 Tvian, ou Tião Viana, governador do Acre pelo PT, e, também, 0,5 WR que seria Valdir Raupp, segundo o delator”, acrescenta o jornal paulista, que destaca declarações de Costa e outro importante delator da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, apontado como operador financeiro do esquema.
Segundo o Estadão, Raupp, Negromonte e Tião Viana negaram as acusações. Pizzolatti, Meurer e Lira não foram localizados para comentar o assunto, finaliza o jornal.
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