sexta-feira, 21 de março de 2014

Convênio de carro-pipa é suspenso em 23 municípios

 O Governo do Estado, por meio da Defesa Civil, suspendeu a Operação Carro-Pipa em 23 municípios do Rio Grande do Norte. Com o fim dos recursos destinados pelo Governo Federal – cerca de R$ 3,6 milhões – o convênio foi suspenso no último dia 26 de fevereiro. Nem todas as cidades ficaram “descobertas” no abastecimento, mas a decisão pode ter agravado a situação de cidades como Pilões, no Alto Oeste potiguar, que integra a lista da cidades em colapso de abastecimento, segundo a Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern).
hellio viturinoCom as chuvas do último final de semana, a água corre no leito de rios e córregos do SeridóCom as chuvas do último final de semana, a água corre no leito de rios e córregos do Seridó

De acordo com a coordenação estadual da Defesa Civil, 42 carros-pipa eram responsável por fazer o abastecimento nas cidades atendidas que, no início da operação, eram 56. O objetivo inicial do programa era atender emergencialmente os municípios enquanto eles se organizavam para participar da operação carro-pipa do Exército Brasileiro, que já atende a 116 cidades potiguares. Entretanto, a falta de organização das Prefeituras comprometeu essa finalidade. “Alguns municípios ainda não fizeram essa solicitação, por mais que nós já tivéssemos alertado de que os recursos já estavam acabando”, informou o tenente Lavínio de Souza, assessor técnico da Defesa Civil estadual.

Ainda não é possível dizer quantas das 23 cidades ficaram totalmente desprovidas de abastecimento com o fim da operação, uma vez que parte delas recebeu, recentemente, carros-pipa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Ainda assim, Souza lamenta que a operação tenha sido encerrada de forma brusca. “São apenas 400 caminhões (unindo todos os programas) para abastecer 1,7 milhão de pessoas que precisam de água no estado. É muito pouco”, diz o tenente. Ele acrescenta que a Defesa já solicitou R$ 9 milhões em recursos para a retomada da operação – o pedido, feito em setembro de 2013, ainda não foi respondido. De acordo com o assessor técnico, o ministério preferiu destinar recursos ao estado para outras ações na área de recursos hídricos, como as adutoras de engate rápido.

Outro fator que agrava a retomada de ações para abastecimento imediato das cidades é a renovação do estado de emergência por parte do Governo do Estado. O atual decreto, renovado em agosto passado, venceu no último sábado (15). A previsão era que o decreto fosse renovado ainda nesta semana, mas até o fim da tarde de ontem, o pedido ainda tramitava na Consultoria Geral do Estado. Após a aprovação, o decreto vai ser assinado pela governadora, publicado pelo Diário Oficial do Estado e encaminhado ao Governo Federal, que homologará (ou não) o pedido.

A demora no trâmite do documento compromete uma série de ações, como a contratação de pipeiros sem a necessidade de licitação – o que dá celeridade ao atendimento nas cidades –, a construção de poços, a compra de filtros de polipropileno e dessanilizadores e a aquisição de sementes e ração animal. “Já encaminhamos o parecer técnico ao governo do estado, mas a gente precisa ter a publicação para definir quais ações tomar”, assinalou o tenente Lavínio.

Abaixo do normal
O uso de carros pipa é uma garantia para as cidades que enfrentam problemas de abastecimento e o inverno ainda não chegou. No acumulado de 2014, considerando os dados divulgados até ontem (20), o volume médio de chuva  estado foi de 160,3 mm, bem abaixo do esperado.

De acordo com o meteorologista da Emparn, Gilmar Bistrot, ainda não é possível fazer uma análise do período de chuvas. “O mês de março nem terminou. Ainda podemos e teremos chuva suficiente que vai colocar a maioria dos municípios dentro da normalidade até o fim do mês”, garantiu Bistrot.

De acordo com a Caern, nem mesmo as chuvas registradas desde o início do mês conseguiram reabastecer os 12 municípios que hoje estão em situação de colapso por causa da falta de água nos mananciais, e outros 13 correm o risco de entrar na mesma situação. Apenas um município  - Jucurutu - conseguiu se reabastecer completamente. “A expectativa é que várias cidades do Médio Oeste sejam abastecidas com as chuvas registradas na Paraíba. O rio Piranhas-Açu tomou muita água. Só o açude Itans, que abastece Caicó, teve aumento de 25cm no espelho d’água”, comentou Isaías Costa Filho, gerente de operações da Caern. Porém, apenas quatro dos 46 reservatórios do RN (açudes e barragens) estão operando com pelo menos 50% da sua capacidade.

Seca no RN
Municípios em dificuldades e números sobre as chuvas 

12 municípios do Estado estão em colapso no abastecimento 
de água.

13 municípios correm o risco de entrar em colapso no abastecimento.

A Operação Carro-Pipa da Defesa Civil atendia 23 municípios: São Francisco do Oeste, José da Penha, São Miguel do Gostoso, Martins, Viçosa, Patu, João Dias, Marcelino Vieira, Campo Grande, Carnaubais, São Rafael, Portalegre, Rafael Godeiro, Santana do Seridó, Triunfo Potiguar, Guamaré, Grossos, Macaíba, Lagoa Nova, Pilões, Sítio Novo, Riacho de Santana, Major Sales.

Outros 116 são abastecidos pela Operação Carro-Pipa do Exército. 

Entre janeiro e o início de março, o Estado registrou uma média de 160,3mm de chuvas.

Um inverno é considerado normal quando as precipitações estão entre 300mm e 500mm.

FONTE: TRIBUNA DO NORTE

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