O destino dos R$ 100 mil roubados de um assessor do presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal potiguar Henrique Eduardo Alves (PMDB), no último dia 13 de junho, era o deputado federal, também potiguar, João Maia, presidente do PR no Estado. A informação foi revelada neste sábado pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, o dinheiro em espécie roubado seria usado para saldar parte da compra de um apartamento, no valor de R$ 1 milhão, no edifício Aldebaran, na praia de Areia Preta, em Natal.
O jornal também revela que a Polícia Civil do Distrito Federal, que investiga o roubo da mala, “blindou” o inquérito, não permitindo que o jornal tivesse acesso aos detalhes da investigação. “O inquérito instaurado na Polícia Civil de Brasília corre em segredo. Passado mais de um mês do roubo, o boletim de ocorrência e os depoimentos não podem ser consultados na Delegacia de Repressão de Roubos e Furtos da Polícia Civil do Distrito Federal”.
Segundo a Folha apurou na delegacia, não é normal haver sigilo em casos de roubo, a não ser que haja pedido feito por alguma autoridade. “O delegado do caso, Fernando César Costa, recebeu ordens expressas para não falar sobre o caso. Ele está em férias e, nas palavras de um integrante da polícia, ‘colocou o caso debaixo do braço’”‘.
ENTREVISTA
Em entrevista à própria Folha de S. Paulo nesta semana, Henrique admitiu que o dinheiro roubado de Wellington Ferreira da Costa em 13 de junho, em Brasília, era seu, proveniente de um empréstimo do Banco do Brasil. Ele afirmou que o dinheiro seria usado para compromissos pessoais e não quis entrar em detalhes sobre a destinação (seria “invasão de privacidade”). “O dinheiro fora sacado dois dias antes (do assalto) no Banco do Brasil, onde Alves contraiu empréstimo para amortizar a compra de um apartamento na avenida Beira-Mar, em Natal, adquirido do também deputado João Maia (PR-RN)”, afirma o jornal.
À Folha de S. Paulo, o deputado João Maia confirmou a venda do imóvel, no ano passado. Segundo ele, Henrique lhe deu R$ 500 mil à vista e ficou de pagar outros R$ 500 mil em parcelas. Os R$ 100 mil extraviados seriam a primeira dessas amortizações. “A venda está, inclusive, registrada no meu Imposto de Renda, com os valores e tudo. Ele havia combinado de me pagar, mas houve esse problema’”, afirmou João Maia à Folha. O imóvel é ocupado pela ex-mulher de Henrique, Priscila Gimenez, que não quis se manifestar sobre o assunto.
A Folha enviou uma série de perguntas por escrito à assessoria de imprensa da presidência da Câmara sobre a destinação do empréstimo e a compra do apartamento em Natal do deputado João Maia. A assessoria da presidência respondeu, por e-mail, que “a ocorrência está sob investigação da Polícia Civil do Distrito Federal”. “Todas as informações foram prestadas às autoridades competentes. O presidente da Câmara dos Deputados aguarda a conclusão dos trabalhos da polícia”, diz o texto da nota.
O deputado João Maia confirmou a venda do apartamento a Henrique, por R$ 1 milhão. Disse ter recebido a metade deste valor, e que o restante seria parcelado. “Eu só quero receber”, afirmou. A ex-mulher de Henrique Alves, Priscila Gimenez, que mora no apartamento comprado, não respondeu aos pedidos de entrevista da Folha.
FONTE:JHRN
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