O Ministério Público se negou a fornecer à presidente Dilma Rousseff a lista dos políticos envolvidos no escândalo do petrolão. Na véspera de uma nova etapa da reforma ministerial, Dilma questionou o órgão sobre a situação de políticos cotados para ganhar uma vaga na Esplanada dos Ministérios – a presidente teme que o governo enfrente maior desgaste ao nomear no alto escalão algum envolvido no esquema de corrupção. No entanto, o MP afirmou que o fornecimento dessas informações poderia atrapalhar as investigações.
A negativa foi dada durante conversa entre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na noite de segunda-feira. Na manhã desta terça, o ministro reuniu-se com Dilma para informá-la do resultado do encontro.
“Fiz ao Janot a ponderação de que gostaríamos de informações sobre nomes que comporiam a nossa equipe independentemente de qualquer detalhamento. Mas ele ponderou que não poderia fornecer qualquer tipo de informação a respeito da Operação Lava Jato uma vez que essa questão está sob sigilo legal”, disse Cardozo, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira.
A presidente Dilma aguardava o parecer do Ministério Público para anunciar novos nomes de seu governo – o que deve acontecer ainda nesta tarde. Sem os dados do MP, segundo Cardozo, ela vai usar como critério as “informações disponíveis” e a Lei da Ficha Limpa. “Os fatos que estão disponíveis podem ensejar a escolha dela. Todos podem ser nomeados ou não nomeados”, afirmou o ministro da Justiça.
Um dos nomes cotados para ganhar uma cadeira na Esplanada era o do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). No entanto, o deputado passou a ser dúvida após ser citado na Operação Lava Jato. Ele nega ter se beneficiado do esquema de corrupção.
Barbosa
O anúncio de Dilma de que iria consultar o MP antes de dar sequência à reforma ministerial gerou críticas do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. Por meio do Twitter, Barbosa afirmou: “Que degradação institucional! Nossa presidente vai consultar órgão de persecução criminal antes de nomear um membro do seu governo!!!”. O ministro aposentado também acrescentou que o Ministério Público não tem a função de assessorar o poder político.
Para Cardozo, a crítica é “curiosa”. “É natural que um governante queira obter informações para formar a sua equipe. Por óbvio não se pediu assessoria. Pediu-se informações, que se pudessem ser dadas seriam boas para a formação da convicção. Talvez o ministro Joaquim não tenha entendido bem”, disse o ministro da Justiça.
Fonte: VEJA
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