Alessandra Bernardo
Repórter
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A polícia já identificou e autuou o homem que, na noite desta quinta-feira (12), envolveu-se em um tiroteio e usou um menino de 10 anos como escudo. A criança acabou sofrendo três tiros e morreu em via pública, na rua Valdir Azevedo, em Macaíba. José Carlos Lopes Jerônimo, de 24 anos, também foi baleado, mas acabou detido e autuado por homicídio.
De acordo com o titular da Delegacia de Macaíba, delegado Normando Feitosa, José Carlos foi autuado no artigo 121 por ter participado diretamente e provocado a morte do menino Cleiton Osório Mendes dos Santos.
“Esse caso não se trata de uma criança vítima de uma bala perdida. Trata-se de um assassinato provocado, tendo em vista que o suspeito agarrou a criança para se proteger dos tiros. Então, deve ser responsabilizado por isso”, declarou Normando Feitosa.
Em relação ao outro homem que estava envolvido no tiroteio e que teria efetuado os disparos que atingiram a criança, a polícia revelou já tem alguns nomes, mas ainda não pode divulgar para não atrapalhar as investigações.
O delegado Normando contou ainda que uma adolescente de 15 anos também foi baleada nessa ocorrência e que ela seria namorada de um dos suspeitos envolvidos no confronto. Em contato com a reportagem do Portal BO, a menina declarou que não conhecia os homens que provocaram o tiroteio e que somente estava passando pela rua quando foi baleada.
Revoltados com o fato, moradores do bairro ainda tentaram linchar o acusado antes que a ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegasse para socorrê-lo, sem sucesso.
O avô de Cleiton, Cícero dos Santos, disse ao Portal BO que a criança estava feliz por ter sido aprovada na escola e que teria ido até sua residência ontem à tarde, para mostrar o boletim e as provas escolares. “Acredito que tenha sido um sinal de algo que estava por acontecer”, desabafou.
Macaíba registra 101 execuções
Com as mortes do menino Cleiton e de um homem identificado com Jand Kleber Targino do Nascimento, ontem à noite, o município de Macaíba já notificou 101 execuções em 2013. O número, que representa 6,39% do total de 1.580 mortes violentas contabilizadas pelo Conselho Estadual de Direitos Humanos (Coedhuc) até a última segunda-feira, assusta e revolta a todos que acompanham o aumento da criminalidade no Estado.
O presidente do Coedhuc, Marcos Dionísio, afirmou que o órgão irá solicitar o apoio do Governo Federal para tentar frear a violência no município, já que o Estado é omisso com tudo o que acontece não apenas em Macaíba, mas em todo o Rio Grande do Norte. Ele disse ainda que a maioria dos assassinos que agiram este ano lá estão soltos nas ruas, o que aumenta a sensação de impunidade entre eles.
“Os assassinos se sentem seguros em agir livremente, como ocorreu ontem, porque sabem que o Estado está ausente e omisso a tudo o que está acontecendo no Rio Grande do Norte e, principalmente, nas cidades com maior número de homicídios. Sabem que as polícias e os policiais civis e militares trabalham em condições precárias e muitas vezes sem o básico para evitar ou combater os crimes, sem condições e se aproveitam para fazerem o que querem”, desabafou.
Para ele, Macaíba vem passando por uma higienização feita pelos próprios bandidos, diante da ausência e omissão do executivo estadual. “Quando acontece um crime, dizem logo que a vítima é envolvida com algum crime.
Mas, a verdade é que neste ano, já mataram doentes mentais, crianças, gays e lésbicas e moradores de rua, entre outros, em Macaíba, o que demonstra que está acontecendo uma higienização com o apoio dos maus policiais e da omissão de órgãos que, diante da inoperância do Governo, estão facilitando esses crimes. Isso é inadmissível”, afirmou Marcos Dionísio.
A equipe de reportagem d’O Jornal de Hoje tentou entrar em contato com o secretário de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), Aldair da Rocha, para falar sobre o crime e o que pode ser feito no município para frear a violência, mas não obteve sucesso.
A equipe de reportagem d’O Jornal de Hoje tentou entrar em contato com o secretário de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), Aldair da Rocha, para falar sobre o crime e o que pode ser feito no município para frear a violência, mas não obteve sucesso.
Polícia esbarra em falta de condições
Para o delegado de Macaíba, Normando Feitosa, que assumiu o cargo há menos de dois meses, a situação do município é problemática e agravada pelas precárias condições de trabalho que a Polícia Civil possui, o que inclui, além de baixo efetivo policial, uma cota de apenas 60 litros de combustível para trabalhar durante toda a semana. Além disso, com o acidente ocorrido ontem com uma das duas únicas viaturas da delegacia, só restou uma para tudo.
“Queremos fazer um trabalho sério para prender todos os envolvidos nestes crimes de execução, mas para isso, temos que ter condições, o que não acontece hoje. Estou com vários mandados de prisão para cumprir e outro tanto de pedidos que devem chegar nos próximos dias, mas esbarramos em uma série de dificuldades que envolve, entre outras coisas, o baixo efetivo ou a pouca quantidade de combustível, que é insuficiente para fazer tudo o que temos que fazer”, desabafou.
O delegado afirmou ainda que já foram realizadas duas operações no município, que possui cerca de 75,5 mil habitantes, e que apesar das prisões feitas, é difícil combater os crimes com uma estrutura física e pessoal reduzida. “A nossa expectativa são os investimentos prometidos pelo programa Brasil Mais Seguro, que só devem chegar ao Estado no próximo ano. Recebi a delegacia com cerca de 80 homicídios para apurar, mesmo sem condições”, finalizou Normando Feitosa.
DO JH RN
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