Para ser mais exato, são 30 meses e 13 dias de pouco diálogo, muitos nãos e várias cobranças. O sentimento de integrantes de várias categorias do funcionalismo estadual é de desrespeito, descrença e ira. Médicos, concursados, policiais civis, servidores da administração indireta foram à exaustão, nos últimos dois anos, seis meses e treze dias, na busca por melhorias salariais e de condições de trabalho. Em vão.
“O governo diz não poder pagar a esses servidores porque a legislação fiscal lhe impõe regras que impedem o pagamento. Mas a gente registra que é um dado falso, porque o governo paga a quem quiser”, afirma Santino Arruda, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Indireta (Sinai).
Ao todo, 14 planos de cargos, carreiras e salários foram aprovados em 2010, mas apenas algumas poucas categorias receberam o aumento do governo Rosalba. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, a Educação (devido à lei nacional), e, recentemente, um acordo com os médicos. “Não estou dizendo que é incorreto pagar a essas poucas categorias, mas o governo tem que pagar a todas as categorias. E não escolher”, completa Santino. “Por que os procuradores do Estado têm direito de receber e a Emater, o Idiarn e o Idema, não?”, questiona. “O governo escolhe a quem pagar. É a grande realidade e o grande questionamento”.
SEPULTAMENTO
Nesta semana, a Polícia Civil, com seus delegados, agentes e escrivães, foi às ruas da capital em mais uma tentativa de dialogar com o governo. Há uma crise generalizada no setor, por falta de efetivo e de condições de trabalho. Em seis meses, o governo ignorou 30 ofícios da categoria, solicitando audiências.
“Nossa pauta passa, em primeiro lugar, pela nomeação dos aprovados no último concurso. Estamos com um déficit de pessoal; somos o menor efetivo do Brasil. Temos apenas 1.482, entre agentes, escrivães e delegados, para todo o RN. Quando há 5.150 vagas no quadro da Polícia Civil do Rio Grande do Norte”, diz Djair Oliveira, presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol).
O governo diz que não vai nomear os concursados por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal, o que, para o Sinpol, “é uma desculpa” que vem se arrastando há anos. “O governo não prioriza a segurança pública. Nomeia mais de 1.000 professores, contempla o pessoal do DETRAN, aumentou o salário da Polícia Militar. Fez muitas coisas, mas não priorizou a Polícia Civil, que investiga e está sucateada”, critica.
ANTIDEMOCRACIA
A política de choque permanente do governo com os servidores torna a administração Rosalba Ciarlini “antidemocrática”, na avaliação de Djair. Após uma manifestação da Polícia Civil, nesta semana, porém, o governo agendou para a próxima semana uma audiência com representantes da categoria.
“Depois de seis meses sem diálogo e do sepultamento da segurança, o governo resolveu nos receber. A situação é difícil para os servidores também da educação e saúde. Acredito que este foi o pior governo para os servidores e para o RN”, conclui Djair.
Para o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FENAN) e do Sindicato dos Médicos (Sinmed), Geraldo Ferreira, a pauta da saúde potiguar, em relação aos médicos, não difere da nacional. “Condições de trabalho, inclusive melhoria da rede de assistência, mas também ampliação e não diminuição da rede, como quer o governo. Hoje, o Brasil tem deficiência de 400 mil leitos de internamento. No RN, temos déficit de 12 a 15 mil leitos. Essa política de fechamento de leitos é errada”, enfatiza.
fonte: JH RN
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