Reforma inclui a construção de cercas divisórias, novos bebedouros, pisos e melhorias na área destinada à alimentação
Foto: José Aldenir
Após inúmeras denúncias sobre descaso e maus-tratos no curral público de Natal, o local está passando por uma reforma em sua estrutura física que garantirá melhor acomodação aos animais e seus servidores, que antes não tinham um espaço digno para trabalhar e guardar seus objetos pessoais durante o expediente. As obras, que começaram no último dia 05, já provocaram uma mudança significativa no ambiente.
Segundo o encarregado do curral, João Maria Gomes, foi instalada uma cerca divisória na área onde os animais passam os dias, para separá-los por espécie e tamanho e assim evitar que ocorram atritos e desentendimentos entre eles. Ele explicou que isso acontecia muito e principalmente no momento das refeições, quando os maiores e mais velhos acabaram comendo todo o feno, em detrimento dos menores e mais fracos.
Ele disse que o espaço onde o feno é disposto para que os animais o comam, chamado de cocho, também passou por melhoria, garantindo mais segurança e conforto aos bichos durante a alimentação. No final de novembro passado, o local estava irregular, com até mesmo restos de tijolos e cimentos na área. Também em situação errada estava o bebedouro onde as espécies tomam água.
“Com a divisão do terreno e a separação dos animais, foi necessário construir um novo bebedouro, para atender às duas áreas e com uma infraestrutura melhor. Quando se encerrar a reforma, não teremos mais água correndo a céu aberto no meio do campo, que ficará limpo e seco sempre, como deve ser. Já os cochos ganharão piso de cimento, também garantindo melhor higiene e segurança a eles”, falou.
João Maria lembrou que os animais mais fracos e debilitados são encaminhados para uma pequena baia, onde são alimentados com ração e feno, antes de se juntarem aos demais. No entanto, como a maioria dos recolhidos nas ruas chegarem até o curral nesta situação, com vários ferimentos e problemas de saúde, o espaço nunca fica vazio.
“Temos um veterinário que passa aqui duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde, para ver como eles estão e se precisam de alguma atenção médica, já que muitos chegam machucados e debilitados. Na semana passada, recebemos uma égua que havia sido baleada na cabeça, a bala entrou pela orelha direita e saiu no queixo. Apesar disso, ela está se recuperando bem e já consegue se alimentar. Infelizmente, a maioria vem com ferimentos, de maus-tratos”, desabafou.
Situação degradante foi denunciada nas redes sociais
O curral público de Natal passou a ser alvo de denúncias em novembro passado, depois que o vereador e secretário da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais da Câmara Municipal, Sandro Pimentel, divulgou vídeos sobre o descaso e maus-tratos aos animais lá recolhidos pela Prefeitura da Capital. A alimentação inadequada, feita com mato seco e podas de grama, e as constantes mortes ocorridas no órgão chamaram a atenção do legislador, que passou a visitar o local semanalmente.
“O que eu encontrei, e vocês podem constatar, é um cenário de completo descaso e abandono, com os animais magros e de ossos aparentes comendo mato seco e tendo que dividir um espaço pequeno de sombra, sem nenhum tipo de separação por gênero ou idade. Isso gera problemas como agressões físicas entre eles e principalmente contra os menores e também violência sexual, como ontem, quando flagramos um cavalo tentando manter relações com um filhote. É uma situação revoltante”, desabafou, na ocasião.
Questionado sobre as denúncias, o chefe da Fiscalização e Apreensão de Animais da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), Carlos Falcão, afirmou que as obras de melhorias começariam ainda no final de novembro. Ele disse que entre as melhorias previstas, estão a construção de baias para dividi-los por gênero e idade, melhorar o local destinado à alimentação e água e aumentar a área coberta, onde eles se abrigam da chuva e do sol. Tudo deveria ter ser concluído em até 45 dias.
“São reparos importantes para a melhoria da qualidade de vida desses animais, que chegam aqui muito debilitados, vítimas de maus-tratos e atos de violência e necessitam de atenção e cuidados. E com relação às mortes, é comum pela própria situação em que eles estão quando são trazidos para cá”, explicou Falcão, na época.
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