segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Cubanos driblam preço e censura para usar a web

Com celulares e tablets nas mãos, os jovens de Havana se parecem com os de qualquer lugar do mundo. Grupos deles são encontrados, nos fins de semana, em locais próximos a hotéis, embaixadas e centros de negócios. É uma tentativa desesperada de conseguir ficar on-line.
Numa viela ao lado de um hotel, a estratégia é posta em prática. Adolescentes usam intensamente seus aparelhos –eles estão conectados graças a uma senha compartilhada por um colega que trabalha na recepção do local.
Desnecessário dizer que, em Cuba, sinais wi-fi são cobiçados. Eles sofrem controle rigoroso e são permitidos a empresas, universidades e instituições. Alguns privilegiados, como jornalistas, artistas e médicos, têm direito a uma conexão particular.
Em 2013, 3,4% das casas cubanas estavam conectadas, segundo a ITU (União Internacional das Telecomunicações). Em junho do ano passado, o governo abriu cerca de cem centros públicos de acesso à web. Com taxas de US$ 4,50 por hora, os locais são caros demais para o país, cuja renda mensal per capita é em torno de US$ 20.
Antes, somente hotéis podiam oferecer acesso público. Com preços por volta de US$ 10 a hora, só turistas eram capazes de arcar.
A única provedora de telefonia, que é do governo, não tem internet móvel. A rede 3G, por sua vez, é oferecida a estrangeiros usando serviço de roaming –apesar disso, a conexão é instável.
RESTRIÇÕES
"Cuba continua sendo um dos países mais restritivos em termos de liberdade na web", diz Sanja Kelly, diretora da ONG americana Freedom on the Net ("liberdade na rede").
"Em vez de ter filtros tecnicamente sofisticados, como outros regimes repressivos, o governo cubano limita o acesso dos usuários à informação principalmente por meio de falta de tecnologia e preços proibitivos", completa.
Há censura –imprensa e blogs críticos ao regime, pornografia e Skype–, mas "o número total de bloqueios é relativamente pequeno comparado ao de outros países autoritários, como China, Irã e Arábia Saudita", diz Kelly.
Os cubanos mais familiarizados com tecnologia driblam a questão. Eles baixam programas que escondem seus IPs (espécie de endereço do computador), a fim de evitar serem detectados pelo governo, fingindo estarem acessando de outro país.
Os que possuem menos facilidade, por sua vez, podem contar com os "paquetes".
As autoridades cubanas dizem que é necessário manter a internet em rédea curta na ilha para evitar ciberataques.
Segundo o ministro das Comunicações, Wilfredo Gonzalez, Cuba foi alvo de milhares de ciberataques, feitos a partir de endereços registrados em mais de 150 países, num período de 18 meses.
Apesar do argumento, Tatic Kelly mantém sua posição e cita a consultoria Kaspersky, segundo a qual Cuba ocupa só a 199ª posição na lista de tentativas de violação. 

FONTE: FOLHA.COM

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