Mais um amistoso da seleção brasileira é alvo de investigações sob a suspeita de que tenha sido usado como mecanismo para pagar propinas em troca de votos para o Catar na escolha da sede da Copa do Mundo de 2022. Segundo a Agência Estado apurou, o novo foco dos investigadores norte-americanos e suíços é a partida entre Brasil e Egito disputada no Catar, em 2011.
Na semana passada, a reportagem revelou que o jogo em 2010 entre Brasil e Argentina está entre os investigados. A partida amistosa ocorreu no Catar dias antes da votação na Fifa que deu ao pequeno país do Golfo o direito de sediar o Mundial de 2022. Tanto o Brasil como a Argentina votaram pelo Catar, ainda que o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, garanta que jamais recebeu um centavo pelo apoio.
Mas esse não é único jogo na lupa dos investigadores. A partida no dia 14 de novembro de 2011, no estádio do Al Rayyann, em Doha (Catar), também levanta suspeitas. O Brasil venceu por 2 a 0, com gols de Jonas.
Oficialmente, Doha foi escolhido pelos organizadores da partida por ser um local ao qual a torcida egípcia poderia comparecer em um bom número. No início daquele ano, o país havia passado por uma revolução e jogar no Cairo não era ainda uma opção.
Mas a suspeita é de que os organizadores da Copa no Catar teriam aproveitado a ocasião para quitar duas dívidas. A primeira seria ainda com Ricardo Teixeira, que um ano antes havia votado pelo país. E o Catar solucionava com o jogo uma outra dívida: com o chefe do futebol egípcio, Hany Abo Rida. O cartola era um dos maiores aliados de Mohamed Bin Hammam, do Catar, que tentou derrubar Joseph Blatter do cargo de presidente da Fifa.
Abo Rida está sendo investigado pelo FBI por também ter viajado com Bin Hammam para um encontro na União Caribenha de Futebol. Naquele evento, o representante do Catar distribuiu US$ 40 mil (R$ 122 mil, em valores de hoje) a cada um dos dirigentes do Caribe em troca de votos para a eleição na Fifa. Os norte-americanos querem saber o que Abo Rida fazia no mesmo jato particular que voou do Oriente Médio ao Caribe.
Apesar de o jogo com o Brasil ter ocorrido um ano depois da vitória do Catar, os investigadores alertam que os pagamentos podem não ter ocorrido de forma imediata. Um exemplo foi o pagamento feito ao então vice-presidente da Fifa, Jack Warner, por seu voto para a Copa na África do Sul em 2010. A escolha ocorreu em 2004, mas a dívida só foi quitada em 2008. “Nossa percepção é de que para a Copa do Catar os eventuais pagamentos foram realizados entre 2009 e 2012”, disse uma fonte em Berna na condição de não ter sua identidade revelada.
Cargo de Marin no COB fica vago
A Fifa decidiu que vai deixar vazia a cadeira que era ocupada por José Maria Marin no Comitê Organizador dos Torneios Olímpicos de Futebol. Até a última terça-feira, o ex-presidente da CBF ainda aparecia na lista de integrantes do grupo, com a ressalva de que estava temporariamente banido do órgão. Desde esta quarta, no entanto, Marin foi retirado do Comitê e ninguém entrará no seu lugar. “Atualmente não há planos para substituí-lo”, disse nota enviada pela Fifa à reportagem.
O dirigente foi detido no dia 27 de maio em Zurique, na Suíça, acusado de ter participado de um esquema de corrupção na Fifa e recebido propinas nas negociações da Copa América e suborno em contratos da Copa do Brasil, torneio organizado pela CBF. Logo em seguida, o Comitê de Ética da Fifa proibiu Marin de exercer qualquer atividade relacionada ao futebol.
Enquanto esteve à frente da CBF, até abril deste ano, Marin trabalhou politicamente nos bastidores da Fifa no processo de escolha das cidades-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O dirigente conseguiu, por exemplo, incluir Manaus na lista, contrariando os planos originais do COI (Comitê Olímpico Internacional) e da Fifa. O torneio de futebol dos Jogos Olímpicos será disputado em sete estádios, maior número desde 1964.
Marin também atuou para que o Itaquerão, em São Paulo, recebesse 10 partidas - quatro do torneio masculino e seis do feminino - mesmo sem garantias de que as obras necessárias para adaptar a arena seriam realizadas. O anúncio da presença do estádio do Corinthians na Olimpíada de 2016 foi feito em março.
Robson Fernandes
Apesar de alegar inocência, Ricardo Teixeira segue investigado
Na semana passada, a reportagem revelou que o jogo em 2010 entre Brasil e Argentina está entre os investigados. A partida amistosa ocorreu no Catar dias antes da votação na Fifa que deu ao pequeno país do Golfo o direito de sediar o Mundial de 2022. Tanto o Brasil como a Argentina votaram pelo Catar, ainda que o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, garanta que jamais recebeu um centavo pelo apoio.
Mas esse não é único jogo na lupa dos investigadores. A partida no dia 14 de novembro de 2011, no estádio do Al Rayyann, em Doha (Catar), também levanta suspeitas. O Brasil venceu por 2 a 0, com gols de Jonas.
Oficialmente, Doha foi escolhido pelos organizadores da partida por ser um local ao qual a torcida egípcia poderia comparecer em um bom número. No início daquele ano, o país havia passado por uma revolução e jogar no Cairo não era ainda uma opção.
Mas a suspeita é de que os organizadores da Copa no Catar teriam aproveitado a ocasião para quitar duas dívidas. A primeira seria ainda com Ricardo Teixeira, que um ano antes havia votado pelo país. E o Catar solucionava com o jogo uma outra dívida: com o chefe do futebol egípcio, Hany Abo Rida. O cartola era um dos maiores aliados de Mohamed Bin Hammam, do Catar, que tentou derrubar Joseph Blatter do cargo de presidente da Fifa.
Abo Rida está sendo investigado pelo FBI por também ter viajado com Bin Hammam para um encontro na União Caribenha de Futebol. Naquele evento, o representante do Catar distribuiu US$ 40 mil (R$ 122 mil, em valores de hoje) a cada um dos dirigentes do Caribe em troca de votos para a eleição na Fifa. Os norte-americanos querem saber o que Abo Rida fazia no mesmo jato particular que voou do Oriente Médio ao Caribe.
Apesar de o jogo com o Brasil ter ocorrido um ano depois da vitória do Catar, os investigadores alertam que os pagamentos podem não ter ocorrido de forma imediata. Um exemplo foi o pagamento feito ao então vice-presidente da Fifa, Jack Warner, por seu voto para a Copa na África do Sul em 2010. A escolha ocorreu em 2004, mas a dívida só foi quitada em 2008. “Nossa percepção é de que para a Copa do Catar os eventuais pagamentos foram realizados entre 2009 e 2012”, disse uma fonte em Berna na condição de não ter sua identidade revelada.
Cargo de Marin no COB fica vago
A Fifa decidiu que vai deixar vazia a cadeira que era ocupada por José Maria Marin no Comitê Organizador dos Torneios Olímpicos de Futebol. Até a última terça-feira, o ex-presidente da CBF ainda aparecia na lista de integrantes do grupo, com a ressalva de que estava temporariamente banido do órgão. Desde esta quarta, no entanto, Marin foi retirado do Comitê e ninguém entrará no seu lugar. “Atualmente não há planos para substituí-lo”, disse nota enviada pela Fifa à reportagem.
O dirigente foi detido no dia 27 de maio em Zurique, na Suíça, acusado de ter participado de um esquema de corrupção na Fifa e recebido propinas nas negociações da Copa América e suborno em contratos da Copa do Brasil, torneio organizado pela CBF. Logo em seguida, o Comitê de Ética da Fifa proibiu Marin de exercer qualquer atividade relacionada ao futebol.
Enquanto esteve à frente da CBF, até abril deste ano, Marin trabalhou politicamente nos bastidores da Fifa no processo de escolha das cidades-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O dirigente conseguiu, por exemplo, incluir Manaus na lista, contrariando os planos originais do COI (Comitê Olímpico Internacional) e da Fifa. O torneio de futebol dos Jogos Olímpicos será disputado em sete estádios, maior número desde 1964.
Marin também atuou para que o Itaquerão, em São Paulo, recebesse 10 partidas - quatro do torneio masculino e seis do feminino - mesmo sem garantias de que as obras necessárias para adaptar a arena seriam realizadas. O anúncio da presença do estádio do Corinthians na Olimpíada de 2016 foi feito em março.
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