sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Paquistanesa Malala e ativista indiano Satyarthi dividem o Nobel da Paz

O Prêmio Nobel da Paz será dividido pela ativista paquistanesa Malala Yousafzai, de 17 anos, e o indiano Kailash Satyarthi, 60, afirmou o presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Thorbjoern Jagland, na manhã desta sexta-feira (10/10), em Oslo. A premiação é dada pela “luta contra a opressão de crianças e jovens e pelo direito de todas à educação”. "As crianças devem frequentar a escola e não ser exploradas financeiramente", afirmou Jagland. Eles vão dividir o prêmio de US$ 1,5 milhão.

Malala é a vencedora mais jovem da história do prêmio (Luke MacGregor/Files /Reuters)
Malala é a vencedora mais jovem da história do prêmio


A jovem declarou estar honrada por ser a primeira paquistanesa e a pessoa mais jovem a ganhar o prêmio e o dedicou às crianças que não têm voz. "Este prêmio é para todas as crianças que não têm voz, cujas vozes precisam ser ouvidas", disse. Já Satyarthy agradeceu "ao comitê Nobel por este reconhecimento do sofrimento de milhões de crianças", em declarações à agência Press Trust of India.

Satyarthi, engenheiro de formação que decidiu dedicar a vida ao trabalho social, depois de comprovar a pobreza de alguns estudantes, liberou 80.000 crianças que eram exploradas graças ao Bachpan Bachao Andolan (Movimento para Salvar a Infância), organização que fundou em 1980.

Satyarthi, que trabalha para proibir o trabalho infantil na indústria de tapetes, também participou na criação de vários movimentos de defesa da infância e da escolarização.

Malala, que vive hoje em Birmingham, no centro da Inglaterra, é a vencedora mais jovem da história do prêmio, superando o cientista australiano-britânico Lawrence Bragg, que dividiu o Prêmio de Física com o pai, em 1915, aos 25 anos. Segundo o comitê, apesar de muito jovem, Malala mostra grande força na luta pelo direito das meninas à educação. “Tem mostrado, por exemplo, que as crianças e jovens também podem contribuir para melhorar a sua própria situação. Isso ela fez sob as circunstâncias mais perigosas. Através de sua luta heróica, ela tornou-se um porta-voz do líder pelos direitos das meninas à educação”. A jovem estava na escola na hora em que o prêmio foi anunciado. Pelo Twitter, ela agradeceu “por todo apoio e amor”.

A grande coragem de Kailash Satyarthi, mantendo a tradição de Gandhi, o faz líder de vários protestos e manifestações pacíficas, segundo o Nobel. “Ele também tem contribuído para o desenvolvimento de importantes convenções internacionais sobre os direitos das crianças”, afirma o comitê. Satyarthi atua há 30 anos em ações contra a exploração infantil na Índia, onde a prática desse tipo de crime é comum. Modesto e bastante discreto, o vencedor agradeceu pelo reconhecimento do “sofrimento de milhões de crianças” e disse estar “encantado” com a notícia, além de atribuir a vitória à "viva e vibrante" democracia da Índia.

O ativista dos direitos humanos tem sido uma grande voz na luta contra o trabalho infantil desde os anos 1990 (Adnan Abidi/Reuters)
O ativista dos direitos humanos tem sido uma grande voz na luta contra o trabalho infantil desde os anos 1990



Para o comitê o prêmio dado a uma paquistanesa e um indiano, além de favorecer a busca por educação de qualidade no mundo, também é favorável à luta contra o extremismo, questão tão debatida na atualidade. Calcula-se que existem 168 milhões de crianças trabalhadoras em todo o mundo de hoje. Em 2000, o número era de 78 milhões superior. “O mundo chegou mais perto do objetivo de eliminar o trabalho infantil”, afirma o comitê, ao ressaltar que a decisão “contribui para a realização da ‘fraternidade entre as nações’ que Alfred Nobel menciona em seu testamento como um dos critérios para o Prêmio Nobel da Paz.


O Nobel lembrou que, nos países mais pobres do mundo, 60% da população atual tem menos de 25 anos de idade. O respeito aos direitos das crianças e dos jovens é um pré-requisito para garantir o futuro destas e das próximas gerações. Nas áreas devastadas por conflitos, a violação de crianças leva à continuação da violência, que passa de geração em geração.

Malala Yousafzai


A paquistanesa Malala já foi premiada por diversas vezes, como o respeitado Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, do Parlamento Europeu, em 2013. A notoriedade, no entanto, não veio de forma fácil, já que ela se tornou conhecida no mundo inteiro após ser baleada na cabeça por talibãs na saída da escola, em 9 de outubro de 2012. O motivo para a violenta agressão seria por ela ter se destacado ao lutar pela educação das meninas no Paquistão, país onde os extremistas são contrários à instrução de mulheres. Sobreviver ao ataque transformou a menina em uma das vozes mais ouvidas no mundo inteiro sobre direitos humanos.

Kailash Satyarthi

O ativista dos direitos humanos, natural de Madhya Pradesh, na Índia, tem sido uma grande voz na luta contra o trabalho infantil desde os anos 1990. A organização comandada por Satyarthi, Bachpan Bachao Andolan, já libertou mais de 80 mil crianças de diversas formas de servidão, ajudando-as a conseguirem se reintegrar e se reabilitar para a educação escolar. O indiano é conhecido internacionalmente por promover vários movimentos civis, incluindo a Marcha Global Contra o Trabalho Infantil, que une diversas organizações não-governamentais, comerciais e sindicais. Também fundou a Campanha Global pela Educação, que visa combater a crise global na área. Na Índia, Satyarthi conseguiu realizar grandes mobilizações para tornar a educação um artigo constitucional no mundo. Por conta da mobilização, em 2009 foi aprovado no país a Lei do Direito à Educação Gratuita e Obrigatória

FONTE: CORREIOS BRASILIENSE
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