Ediel Viana da Silva, braço-direito do doleiro Carlos Habib Chater, disse nesta sexta-feira, em depoimento à Justiça Federal do Paraná, que o ex-deputado Pedro Corrêa era um dos que pegavam dinheiro no Posto da Torre, em Brasília, de propriedade de Chater. Corrêa presidiu o diretório nacional do Partido Progressista (PP). Chater está preso na PF do Paraná.
Corrêa é o segundo mensaleiro do PP a ser flagrado pela Operação Lava-Jato. O primeiro foi o deputado José Janene (PP-PR), já falecido, apontado como idealizador do esquema operado pelo doleiro Alberto Youssef.
Pedro Corrêa, 66 anos, foi condenado a sete anos e dois meses de prisão no processo do mensalão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e a pagar multa de R$ 1,13 milhão. Ele, que presidia o PP quando estourou o escândalo, autorizou um ex-assessor do partido, João Cláudio Genu, a sacar R$ 700 mil das contas de Marcos Valério, operador do mensalão e também condenado.
Corrêa começou a cumprir a pena no presídio da Papuda, no Distrito Federal. Transferido para Pernambuco, acabou no Centro de Ressocialização do Agreste, em Canhotinho. Em abril, obteve autorização da Vara de Execuções Penais para trabalhar como médico radiologista numa clínica de Garanhuns. Corrêa chegou a ter o mandato cassado em 2005 e se afastou da Executiva do PP. A filha dele, Aline Corrêa, é deputada pelo PP e não se candidatou na última eleição.
Chater movimentava 375 “contas” para repasse de dinheiro por meio de contabilidade paralela do Posto da Torre. No posto também funcionava uma casa de câmbio, que passou a ser operada por um cunhado de Chater.
Segundo Ediel, eram poucos os políticos que iam no posto pegar dinheiro. Em geral, mandavam assessores. Gerente do posto desde 2003, Ediel também é réu por ter cedido seu nome para que o doleiro abrisse empresas de fachada. O posto, segundo ele, movimentava R$ 50 milhões por ano. A atividade ilegal,porém, fazia com que a contabilidade do posto se tornasse caótica.
Na Justiça, Chater negou que tenha repassado dinheiro a políticos ou atuado como doleiro. Disse que os depósitos dos doleiros na conta do Posto da Torre eram empréstimos que fazia para capital de giro. Youssef, porém, confirmou que fazia remessas de propina, oriunda de desvios da Petrobras, para que Chater fizesse a entrega em dinheiro vivo.
Na contabilidade paralela do posto foram detectadas operações feitas com o codinome “amiguinha”, que se refere à doleira Nelma Panasso Kodama, outra presa na Lava-Jato.
No depoimento anterior, Ediel afirmara que João Claudio Genu ( ex-chefe de gabinete da liderança do PP na Câmara, também condenado no mensalão) e Pedro Corrêa, iam ao posto. Ao falar sobre Corrêa, afirmou que ele havia estado algumas vezes com Chater e que depois “saíram valores”.
Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que 1% dos contratos da Diretoria de Abastecimento, que chefiava na estatal, ia para o PP; o PT ficava com 2%. Youssef chefiava a distribuição para políticos do PP. Também o deputado Nelson Meurer (PP-PR) foi flagrado na contabilidade paralela do Posto da Torre, de Chater, que também prestou depoimento ontem à Justiça Federal do Paraná.
CHATER CITOU DIRIGENTE DO PT
Segundo Chater, o dinheiro do PT era arrecadado pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que nega. A Lava-Jato não obteve provas sobre o envolvimento do petista. As informações são de que ele só movimentaria dinheiro vivo, para evitar rastros.
No último dia 14, Marice Correa da Lima, cunhada de Vaccari, foi levada a depor na PF em São Paulo. Num dos contatos por mensagens com Youssef, José Ricardo Breghirolli, executivo da construtora OAS, teria mandado entregar, em 3 de dezembro de 2013, R$ 110 mil a uma pessoa chamada Marice. O dinheiro foi entregue num apartamento em Bela Vista, em São Paulo.
Corrêa não foi localizado pelo GLOBO em Pernambuco, onde cumpre pena em regime semiaberto. Na sede do PP em Pernambuco, ninguém atendeu. O mesmo aconteceu no gabinete do deputado Eduardo da Fonte, líder do PP na Câmara.
O Câmera
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