Chuvas provocaram novo deslizamento, desabamento de casa e carros foram soterrados
Alessandra Bernardo
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Desesperados, após presenciarem mais um deslizamento de terra e o desabamento de uma residência na madrugada desta segunda-feira (23), os moradores das ruas Atalaia e Guanabara, em Mãe Luíza, se mobilizaram para tentar escoar a água das chuvas e evitar que outros imóveis sejam engolidos pela cratera que se formou no local. Pelo menos, três veículos foram atingidos pela terra que desceu no local e um deles foi retirado do meio da lama durante esta manhã, sob os olhares assustados de moradores e curiosos.
O imóvel que desabou em Mãe Luíza era um dos 80 que foram interditados pelo Departamento de Defesa Civil de Natal na semana passada e outros, próximos a ele, também ameaçam cair. “Se isso acontecer, com certeza vai atingir outras casas aqui na Rua Atalaia, que ainda estão em pé. Hoje, ninguém dormiu e quem estava dormindo acordou assustado quando a chuva começou. Eu vi muitos vizinhos perderem suas casas e tudo o que construíram durante a vida e tenho muito medo de acontecer o mesmo comigo, por isso, estou aqui ajudando”, afirmou o morador José Firmino.
Francisco Gomes, que perdeu duas casas na Rua Guanabara no deslizamento do último dia 14, era um dos que estavam mobilizados na tentativa de conter o processo de erosão que ameaça a Rua Atalaia. Ele e outros moradores conseguiram montar uma barreira de contenção da água das chuvas que atingem a região desde a madrugada e desviaram o curso da água, canalizando a enxurrada.
“Esses canos estão aqui desde a semana passada, mas ninguém veio fazer esse serviço, então, nós moradores decidimos fazer antes que aconteça mais um deslizamento de terra e outras casas desabem também. Se a Prefeitura tivesse feito isso que estamos aqui fazendo agora há mais tempo, quando tinha sol, não teria ocorrido mais um deslizamento e a casa que caiu estaria em pé. Tem, pelo menos, outras duas casas prontas para cair e se isso acontecer, pode ter certeza que mais famílias serão atingidas”, desabafou.
Para as pessoas que moram próximo à cratera, o medo é permanente e a comunidade já está se revezando na hora de dormir, para sempre ter alguém vigiando o movimento de terra no local. Para a aposentada Terezinha Rocha, que mora a menos de 50 metros da cratera na Atalaia, o trabalho feito pelas equipes municipais nos últimos dias não surtiu o efeito esperado e o risco de mais deslizamentos continua forte.
“Desde a última quinta-feira que pedimos que eles colocassem os canos para canalizar o curso da água, mas eles só fizeram colocar terra no buraco. Só que a areia foi levada novamente pela água e o buraco só aumenta, colocando mais gente em risco. Se essa casa da esquina cair, a cratera vai engolir metade da Atalaia, incluindo a minha casa. Por isso, estou pensando muito em deixá-la e procurar abrigo com meus parentes”, disse.
Casas são ameaçadas, ainda, por muro de arrimo rachado
Além dos riscos já existentes, pelo menos três famílias da Rua Atalaia estão ameaçadas ainda por um muro de arrimo que apresenta várias rachaduras em sua estrutura. Elas denunciaram que há mais de dois anos que pedem uma providência do município, mas que até o momento não foram atendidas e que temem que, com os deslizamentos de terra, o muro não agüente e desabe, atingindo as residências.
“Já comuniquei várias vezes essa situação à Defesa Civil, ao Corpo de Bombeiros e outros órgãos, mas até agora nada foi feito. Não vieram nem olhar o muro, que está todo cheio de rachaduras. Tenho muito medo pela minha família, porque ele pode cair a qualquer momento, ainda mais com essa instabilidade toda no terreno, por causa dos deslizamentos”, afirmou a dona de casa Ana Maria Silva.
Carros soterrados durante madrugada
A terra que desceu pela cratera iniciada na Rua Guanabara e que já ameaça a Atalaia, atingiu pelo menos três veículos na Avenida Sílvio Pedrosa, conforme a Secretaria Municipal de Obras Públicas (Semopi). Um deles, um táxi de São Gonçalo do Amarante, foi resgatado na manhã de hoje por equipes da Prefeitura. Segundo seu proprietário, que não quis se identificar, só deu tempo dele e do passageiro saírem do carro, antes da areia quase soterrar o veículo.
“Eu estava passando pela via, que tinha sido liberada ontem, quando a terra desceu. Olhei pelo retrovisor e vi os veículos que estavam atrás de mim dando ré e sai correndo de dentro do táxi, junto com o passageiro. Foi só o tempo de fazer isso e meu carro foi engolido pela terra. Graças a Deus, estou vivo. Os bens materiais nós trabalhamos e conquistamos outros, mas a vida não”, desabafou.
E o deslizamento de hoje aumentou a quantidade de terra na Governador Sílvio Pedrosa e na frente dos dois condomínios situados ao lado do terreno afetado. Os edifícios, que foram evacuados desde o início da semana passada, estão ilhados e só há acesso a eles pelos portões de entrada de pedestre, que são mantidos pelos funcionários do local. Por causa do novo deslizamento, a Avenida foi novamente fechada para o tráfego de veículos.
FONTE: JHRN
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