quinta-feira, 19 de junho de 2014

Saiba porque o vexame da Espanha pode ser ruim para seleção brasileira

A semelhança é particularmente preocupante pois o Brasil não apresentou até hoje uma alternativa tática

Chile-Espanha2014
Maracanã, 18 de junho, 29 minutos do segundo. Sergio Ramos afasta uma bola e deixa o pé para acertar a coxa de Vargas. Era o sinal do desespero da Fúria, entregue diante do Chile. A frustração do zagueiro espanhol não se manifestou à toa. Pela quinta vez na história, um campeão da Copa do Mundo passa o vexame de ser eliminado na primeira fase do mundial em que defenderia o título. A queda da Espanha pode parecer boa para o Brasil, que se livrou desta seleção nas oitavas de final, mas carrega ensinamentos importantes para o time de Luiz Felipe Scolari.
Há diversas teses para a eliminação espanhola, como a soberba de uma equipe que vinha de três títulos importantes ou a confiança exagerada em jogadores que deixaram seus auges para trás, como Xavi e Iniesta. A minha hipótese tem mais a ver com o que houve dentro de campo: tanto a Holanda quanto o Chile conseguiram anular o ataque espanhol.
No primeiro jogo, a Espanha entrou no 4-3-3, com Busquets, Xavi e Xabi Alonso no meio e um trio de ataque formado por David Silva, Iniesta e Diego Costa. No primeiro tempo, o esquema deu certo, mas na segunda etapa o 3-5-2 (ou 3-4-1-2) holandês foi dominante. A Espanha nada fez.
Nesta quarta-feira, Jorge Sampaoli, o técnico do Chile, adotou um esquema exatamente igual ao usado por Louis van Gaal. A mudança foi especialmente perceptível pois na estreia diante da Austrália o Chile jogara no 4-3-3. No Maracanã, Sampaoli deixou Valdívia no banco e deu lugar ao zagueiro Francisco Silva. Isla e Mena se transformaram de laterais em alas e formaram uma linha de quatro com Aranguiz e Diaz. Vidal, fechando o meio, e Vargas e Sánchez, no ataque, comandavam a marcação pressão que sufocou a Espanha e deu ao Chile uma vantagem de 2 a 0, que duraria até o fim da partida, ainda no primeiro tempo.
Mas por que isso preocupa o Brasil? Porque a seleção brasileira ataca de forma muito parecida à Espanha, que nesta quarta, inclusive, jogou no 4-2-3-1, o mesmo esquema do Brasil de Felipão.
Esta semelhança é particularmente preocupante pois o Brasil não apresentou até hoje uma alternativa tática. A própria convocação deixa isso claro. O time reserva é um espelho do titular, com um substituto da mesma posição para cada jogador. Jô é o reserva de Fred; Willian, de Oscar; e Bernard e Ramires, de Hulk e Neymar.
Contra o México, quando Neymar não conseguiu decidir, como fizera diante da Croácia, Felipão precisou mexer no time. Fez três substituições, mas não mudou o esquema tático. De nada adiantou. Nas oitavas de final, quando o Brasil (se confirmar a vaga) enfrentará Chile ou Holanda, o teste será mais intenso do que foi até aqui. Felipão pode confiar na “família Scolari” e até no seu agasalho azul como amuleto, mas vai precisar de mais que isso caso não queira depender apenas de Neymar para vencer o jogo.

Fonte: Carta Capital VIA JHRN

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