Bruno Soares
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“O que eu estava construindo em dois anos se acabou em um minuto. Não tenho nada, nem água fria bebo mais”, lamenta Nalcir Costa Sales, enquanto observa o que sobrou da casa onde morava. O abrigo, feito com madeira, barro, papelão, plástico e outros materiais, foi derrubado em virtude de uma reintegração de posse do terreno, de cerca de 20 hectares, no Planalto da Liberdade, em que várias famílias moravam irregularmente há mais de cinco anos.
Desde a manhã da ontem, 25, os moradores estão enfrentando ainda mais dificuldades. Alguns conseguiram casas de familiares e amigos para ficar. Outros não tiveram a mesma sorte e dividem o alpendre de uma casa de taipa que foi cedida temporariamente pelo proprietário.
No local há um pequeno fogareiro e pedaços e caixotes de madeira que funcionam como móveis improvisados. À noite, eles estendem redes até embaixo dos cajueiros e outras árvores. O problema é que as muriçocas e o pesadelo de não ter onde morar não os deixam dormir. As crianças e os idosos são os que mais sofrem com a falta de abrigo.
A aposentada Luzia Maria da Conceição foi solidária e ofereceu o banheiro de casa para os vizinhos guardarem seus objetos, até que encontrem um novo local.
Janicleide Batista da Silva disse que alguns moradores não tiveram tempo de tirar os pertences dos barracos antes de o trator os derrubar. “Teve gente que não estava na hora e o pessoal ajudou a tirar algumas coisas. O resto, que não deu tempo, ficou debaixo e se acabou”, lamenta.
Nalcir Costa não conseguiu tirar tudo do imóvel. Bastante emocionado, contabiliza os prejuízos ao encontrar os poucos pertences. “Minha geladeira, um armário, camiseiro… perdi algumas coisas”, disse o homem de 56 anos, revelando que passou a noite em claro.
Alegando não ter para onde ir, nem condições financeiras de alugar uma casa, Nalcir Costa disse que vai pegar o que restou e reconstruir outro barraco em um local próximo. “Vou pegar os paus e fazer outra casa. Não tem outro modo”, disse ele, que tinha uma pequena plantação de macaxeira, melão, pimenta, coqueiro, entre outras plantas, no terreno.
Acompanhe aqui os motivos que levaram à desocupação do terreno no Planalto da Liberdade.
FONTE: GAZETA DO OESTE
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