quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Dengue: Natal e outras nove capitais brasileiras estão em situação de alerta

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Dados do Ministério da Saúde divulgados nesta terça-feira (4) indicam que 533 municípios brasileiros estão em situação de alerta para a dengue e chikungunya e 117 correm o risco de registrar uma epidemia da doença. Os dados são do Liraa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo aedes aegypti).
As cidades classificadas como em situação de alerta apresentam larvas do mosquito entre 1% e 3,9% dos imóveis pesquisados, enquanto as que se enquadram em situação de risco registram índice superior a 3,9%.
O levantamento ainda mostra que dez capitais brasileiras apresentam situação de alerta para a dengue e chikunguya: Belém, no Pará; Porto Velho, em Rondônia; Maceió, em Alagoas; Natal, no Rio Grande do Norte; Recife, em Pernambuco; São Luís, no Maranhão; Aracaju, em Sergipe; Vitória, no Espírito Santo; Cuiabá, em Mato Grosso e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Seis capitais — Boa Vista, em Roraima; Manaus, no Amazonas; Palmas, no Tocantins; Rio Branco, no Acre; Fortaleza, no Ceará e Salvador, na Bahia — ainda não apresentaram os resutados do levantamento ao ministério.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, disse que os dados são considerados essenciais para tentar nortear o trabalho de combate aos criadouros do mosquito transmissor das duas doenças.
— O momento é agora para reduzir os riscos, antes de o período das chuvas chegar.
Além do levantamento, o ministério lançou uma campanha de alerta para o combate dos mosquitos, sob o mote “o perigo aumentou”, numa alusão direta ao risco de o país enfrentar, no próximo verão, epidemias simultâneas das duas doenças, a dengue e febre chikungunya.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que não podemos desconsiderar que temos o duplo risco neste ano.
Ao apresentar os números, ele chamou a atenção para a necessidade de se reforçar estratégias de prevenção nas áreas afetadas por problemas de abastecimento de água.
— É preciso olhar armazenamento de água, medidas de proteção, com o uso de tela.
No Norte, dos 124 municípios que participaram do levantamento, 52 estão em situação de alerta e 17 em situação de risco. O principal problema para a transmissão da doença na região é o lixo nos domicílios, como garrafas, pneus, latas e qualquer outro objeto que possa acumular água de chuva.
Já na Região Nordeste do País, o Ministério detectou que o principal problema para a transmissão da doença é o armazenamento incorreto de água. Dos 727 municípios que responderam ao levantamento, 354 estão em situação de alerta e 96 em situação de risco.
No Sudeste, 426 municípios participaram do levantamento: 90 se enquadram em situação de alerta e apenas uma em situação de risco. Na região, a transmissão da doença acontece principalmente por depósitos domiciliares, que incluem pratos de vasos de planta, vasilhas de água de cães e gatos e calhas entupidas.
Na Região Centro-Oeste, o Ministério da Saúde também detectou como principal problema para a transmissão o armazenamento incorreto de água. Cento e trinta e quatro municípios participaram do levantamento, 20 estão em situação de alerta e um situação de risco.
Por fim, os dados relativos à Região Sul mostram que a transmissão ocorre principalmente pelo lixo nos domicílios. O Ministério fez o levantamento com 52 municípios: 17 estão em situação de alerta e dois em situação de risco.
Dengue x febre chikungunya
O ministro alertou também para a necessidade de se diferenciar as duas doenças, que apresentam uma série de sintomas comum, além dos mesmos agentes transmissores, Aedes aegypti e Aedes albopictus.
— Vivemos uma situação delicada para equipes de saúde, seja público ou privada.
Menos de dois meses depois do primeiro caso de transmissão no Brasil, a febre chikungunya já causa epidemia em dois Estados: Bahia e Amapá. Até agora, foram identificados 785 casos autóctones e outros 39 importados. Provocada pela picada dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus contaminados pelo vírus, a doença provoca febre, dores no corpo e manchas vermelhas.
Embora ela não tenha a forma hemorrágica — e, por essa razão, sejam raros os casos de risco à vida — a doença pode causar dores agudas nas articulações. A manifestação pode se tornar crônica, exigindo o tratamento de fisioterapia para melhorar os sintomas. Essas características preocupam o Ministério da Saúde, sobretudo diante da ausência, nos serviços públicos de saúde, de um número adequado de profissionais para atender um aumento expressivo da demanda.
Para tentar contornar o problema, a pasta está preparando um manual de autocuidado, dirigido para pacientes contaminados pelo vírus. Na cartilha, informações sobre os exercícios mais indicados, quais os melhores procedimentos para serem realizados, como compressas quentes ou frias, nos diversos estágios da doença.
Outra preocupação das autoridades sanitárias é evitar uma confusão no diagnóstico entre chikungunya e dengue. As duas têm muitas semelhanças, mas a dengue exige cuidados específicos que, se não adotados, podem levar à morte.
Para tentar evitar o risco, o ministério está preparando cartilhas para orientar médicos a fazerem a diferenciação por meio das manifestações clínicas. Pacientes com febre chikungunya queixam-se sobretudo de problemas nas articulações. No caso da dengue, os sintomas mais comuns são dores no corpo e dores de cabeça.
A febre chikungunya começou a se espalhar pelo mundo a partir de 2013. Os primeiros casos importados foram registrados no Brasil em 2010. Há dois anos, o País se prepara para a chegada da doença em território nacional. Planos de contingência foram preparados. Seis laboratórios estão capacitados para fazer a identificação da doença – o teste, no entanto, tem função de vigilância.
A recomendação para profissionais de saúde é a de que o tratamento seja semelhante ao da dengue. Como é difícil distinguir, o ideal é que todos tenham tratamento semelhante, com cuidado máximo para se evitar um quadro hemorrágico — causado apenas pela dengue.


Fonte: R7

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