O tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi preso na manhã desta quarta-feira (15) pela Polícia Federal na 12ª fase da operação Lava Jato.
Vaccari é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com base em depoimentos de delatores da operação. Eles afirmam que o tesoureiro intermediou doações de propina em contratos com fornecedores da Petrobras e que o dinheiro foi usado para financiar campanhas políticas. O tesoureiro foi detido em casa.
12ª fase da Lava Jato
A Polícia Federal cumpriu nesta manhã, quatro ordens judiciais no bojo da 12ª Fase da Operação Lava Jato.
Foram cumpridos um mandado de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e um mandado de condução coercitiva.
Todas as ordens judiciais estão sendo cumpridas na cidade de São Paulo/SP, e os presos serão levados imediatamente para a Superintendência da Polícia Federal no Paraná em Curitiba.
Pressão
Arredio à imprensa, o homem das finanças do PT resiste como pode. Exceto pelo encontro da Executiva Nacional do último dia 30 de março, ele tem participado de todas as reuniões do Diretório Nacional do partido.
Cobrado sobre as acusações, argumenta que todas as doações que recebeu são legais e que as contas do partido foram aprovadas na Justiça Eleitoral. A versão é ecoada também pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão.
“Com a verdade”
João Vaccari Neto diz estar com a verdade e garantiu que ela apareceria no depoimento à CPI da Petrobras. A convocação foi aprovada num cochilo governista. Se aproveitando de uma viagem do presidente Hugo Motta (PMDB-PB), o vice-presidente da CPI, o tucano Antonio Imbassahy (BA) assumiu o primeiro posto da Comissão e conseguiu antecipar a oitiva.
Para o cientista político do Insper, Carlos Melo, é preciso compreender a dimensão do financiamento de campanhas eleitorais antes de se tirar conclusões precipitadas.
“O financiamento de uma campanha eleitoral é, no mínimo, decidido coletivamente. Dinheiro é vital para uma campanha e para qualquer organização financeira. O Vaccari não fez nada sozinho. Há sempre um núcleo formal como um Diretório ou Executiva ou até um núcleo informal. Nós não temos todas as informações para explicar porque o Vaccari permanece no cargo. É preciso cautela. Se houve alguma ilegalidade é a Justiça quem vai dizer”, aponta.
Para o cientista, Vaccari e sua relação com o PT podem estar se pautando por conta da decisão coletiva a que ele provavelmente devia se submeter ou mesmo por pactos políticos firmados anteriormente. Ele acrescenta que a experiência de 12 anos de poder do PT não pode ser desprezada.
“Tem que ver qual tipo de pacto ou acordo PT e Vaccari fizeram. Outro ponto é que nós estamos falando de um partido que está há 12 anos no poder. Não podemos dizer que o PT não sabia como a campanha era financiada”.
Melo entende o esforço do tesoureiro para não ser o “Delúbio da vez”. “O Delúbio apanhou como o diabo. Houve uma pressão muito grande”, reconhece.
Bancoop
Não é a primeira vez que o nome de João Vaccari Neto é associado a desvios. Ele presidiu a Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop) e uma parte dos cooperados adquiriu imóveis via financiamento junto à entidade. Pagaram, mas não receberam os imóveis contratados: 32 prédios resultaram inacabados e 3,5 mil mutuários foram prejudicados.
Uma CPI foi criada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Os trabalhos transcorreram entre março e outubro de 2010. Presidida pelo tucano Samuel Moreira, hoje deputado federal, e relatada pelo colega de bancada Bruno Covas (também eleito deputado federal em 2014), foi palco de embates entre tucanos e petistas.
Naquela época, mutuários prejudicados, peritos e ex-dirigentes da Bancoop foram ouvidos. O rombo financeiro estimado era de R$ 100 milhões. Vaccari jamais apareceu para prestar depoimento à CPI. No relatório final, encaminhado ao Ministério Público paulista, foi sugerida a intervenção do órgão na Bancoop.
Vaccari Neto é um dos cinco réus ligados à Bancoop e responde a processo na 5ª Vara Criminal do Judiciário paulista pela prática de estelionato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
O promotor do caso no MP paulista, José Carlos Blat, é categórico. “O dinheiro usado na Bancoop abasteceu campanhas eleitorais petistas”, escreveu em seu relatório que baseou a denúncia acatada pelo Judiciário.
Fonte: IG VIA JHRN
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