sábado, 31 de agosto de 2013

Após partida de inspetores, regime sírio se prepara para ataque ocidental

Manifestantes de partidos de esquerda segurar a bandeira síria enquanto queimam bandeiras americanas e israelenses em protesto contra possíveis ataques militares e para mostrar seu apoio ao regime do presidente da Síria, Bashar al-Assad, em frente à embaixada dos EUA em Amã  (MUHAMMAD HAMED)
Manifestantes de partidos de esquerda segurar a bandeira síria enquanto queimam bandeiras americanas e israelenses em protesto contra possíveis ataques militares e para mostrar seu apoio ao regime do presidente da Síria, Bashar al-Assad, em frente à embaixada dos EUA em Amã
O poder sírio, que nega ter recorrido ao uso de armas químicas e volta as acusações contra os rebeldes, rejeitou como "mentiras" as "provas" apresentadas pelos Estados Unidos sobre um suposto envolvimento do governo em um ataque químico no dia 21 de agosto, que matou 1.429 pessoas, incluindo 426 crianças.

Após a partida neste sábado dos inspetores da ONU responsáveis por investigar o uso de armas químicas, uma oportunidade para possíveis ataques se abriu, segundo os especialistas.

Frente aos últimos acontecimentos, a Liga Árabe, que está dividida sobre o conflito na Síria, anunciou que os ministros árabes das Relações Exteriores vão se reunir no domingo no Cairo, após atribuir ao regime sírio a "total responsabilidade" pelo suposto ataque químico.

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"Nós esperamos uma agressão a qualquer momento e estamos prontos para responder igualmente a qualquer momento", declarou um oficial sírio. "Esta agressão (ocidental) não justificada não (ficará) sem resposta".

A declaração ocorre após uma equipe de especialistas da ONU investigar por quatro dias os locais do suposto ataque. Foram coletados amostras de sangue, urina e cabelo das vítimas, mas sua análise poderá levar várias semanas.

Apesar da oposição de grandes potências -Londres, Moscou, Pequim- a uma intervenção militar na guerra civil na Síria, os presidentes francês, François Hollande, e americano, Barack Obama, defendem que a comunidade internacional envie uma "mensagem forte" a Bashar al-Assad.


Sírios fogem ou se preparam para ataque - Washington explicou que não espera nada que já não saiba do relatório de inspetores da ONU, e Obama condenou "a impotência" do Conselho de Segurança da ONU em relação ao conflito na Síria, que causou desde março de 2011 mais de 100.000 mortos.

"A investigação da ONU não dirá quem utilizou as armas químicas. Irá apenas dizer quais armas foram utilizadas. De acordo com o seu mandato, a ONU não pode nos dizer nada a mais do que nós já sabemos", insistiu na sexta-feira o secretário de Estado americano, John Kerry, que chamou o ataque de "crime contra a humanidade".

Em resposta, o presidente russo Vladimir Putin chamou de "absurdo total" as acusações de uso de armas químicas pelo regime Sírio e pediu aos Estados Unidos a apresentação de provas.

"Sobre a posição de nossos amigos americanos, que afirmam que as tropas governamentais (sírias) utilizaram (...) armas químicas e dizem ter provas, então, que mostrem aos investigadores das Nações Unidas e ao Conselho de Segurança", declarou à imprensa.

"Se eles não o fizeram, significa que não houve" ataque químico, acrescentou.

Nos últimos dias, os Estados Unidos reforçaram sua presença militar na região. Com cinco destróieres americanos estacionados no leste do Mediterrâneo, a "margem" para uma intervenção pode ficar estreita, após a saída dos inspetores da ONU da Síria.

Os habitantes da capital síria, habituados ao barulho das explosões dos incessantes combates entre rebeldes e soldados, temem um ataque ocidental.

"Ficar em Damasco e esperar os golpes, é aterrorizante", afirma Josephine, uma mãe de família de 50 anos, que decidiu partir para o Líbano com seus filhos.

Na fronteira libanesa, jornalistas da AFP viram dezenas de famílias sírias cruzarem a divisa entre os dois países neste sábado, em um afluxo regular de carros carregados de malas e objetos.

Em contrapartida, as ruas de Damasco estão vazias, enquanto os bombardeios ressoam na periferia.

Sem impacto sobre a guerra civil - Após a decisão inesperada do Parlamento britânico, que rejeitou na quinta-feira uma intervenção militar na Síria, e frente ao impasse na ONU, Washington conta com aliados como a França, Liga Árabe e Austrália.

Mesmo afirmando que ainda não tomou uma "decisão final" sobre um ataque à Síria, Obama evocou uma ação "limitada" e sem tropas terrestres, argumentando que não "podemos aceitar um mundo em que mulheres e crianças e civis inocentes morram pelo uso de gases em uma escala terrível".

"Em nenhum caso", o governo americano considera a possibilidade de ações militares que impliquem tropas no terreno, ou uma campanha de longo prazo. "Mas estamos analisando a possibilidade de uma ação limitada, pontual", ressaltou.

Segundo os especialistas, possíveis ataques não teriam impacto sobre a guerra civil, em um país destruído quase completamente por armas convencionais.

Para além da Síria, uma ação militar deverá servir de advertência para o Irã, Hezbollah e Coreia do Norte, segundo Kerry.
fonte: correiobrasiliense

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