domingo, 25 de agosto de 2013

Quem são os nossos Black Blocs (PERNAMBUCO)

Na última quarta-feira, antes de seguir para o colégio de classe média alta da Zona Norte do Recife onde estuda, ele encheu a mochila com duas camisas pretas e uma máscara branca ao estilo “V” de Vingança. Assistiu às aulas preparatórias para tentar uma vaga no curso de medicina no próximo vestibular e, no meio da tarde, zarpou para o Centro da cidade. Não avisou os pais sobre o destino. Chegou no momento do tumulto entre manifestantes e policiais. Era tudo o que queria. Marx Rafa, como é conhecido entre os “companheiros”, apressou-se. Trocou o fardamento escolar, paramentou-se para reforçar a ação dos Black Blocs, do qual faz parte há dois meses, e partiu para o enfrentamento à Polícia Militar. Ao fim do dia, voltou para casa, “nervoso”, dizendo-se ainda mais revoltado contra “o sistema”.
Marx integra um movimento que arregimentou pelo menos 40 jovens em Pernambuco. A maioria é formada por estudantes com idade entre 16 e 25 anos. Chamados de Black Blocs, seguem o modelo alemão - “uma tática de tropa de choque”, datada de 1980 - e repetem métodos utilizados recentemente em outros estados brasileiros. São considerados os mais radicais e violentos dos manifestantes. São os Black Blocs que vestem máscaras e seguem com um quebra-quebra contra prédios públicos, privados e ônibus coletivos. É em torno deles que a polícia de Pernambuco tem fechado o cerco. 
O Diario conversou com vários Black Blocs durante a semana para revelar quem são, como agem e o que querem os adeptos do movimento em Pernambuco. Publicamos entrevistas com dois integrantes daqui: Marx e um segundo jovem secundarista, de 17 anos, conhecido como Priest Rafa. 

Marx e Priest justificam que os atos de vandalismo e destruição são uma “reação” à polícia. Falam muito sobre anarquismo. São instruídos, estiveram nos últimos protestos, dizem ter medo de ir para o confronto, mas prometem continuar a participar das “ações”.
As declarações reforçam um debate que o professor-doutor em sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte César Sanson alimenta junto a militantes de esquerda: a ação dos Black Blocs seria legítima ou condenável? Para Sanson, que esta semana está em seminário em Salvador (BA), são “equivocadas” as teorias de que os Blacks Blocs representam meros grupos de vândalos. Os Blacks são, sim, grupos políticos e possuem base política e teórica, analisa. “Agora, aceitar os métodos deles é outra coisa”, diz. 

A maioria da população condena, temendo ser vitimada pelo vandalismo que está diretamente ligado à presença dos Black Blocs. Os participantes alegam que é uma reação e se articulam na internet, como no Facebook e em outros programas de conversar online a exemplo do Skype e do Raidcall. Prometem ampliar o número de aliados. Já programam data para nova ação: 7 de Setembro, dia da Independência.

FONTE: DIARIO DE PERNAMBUCO

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