Segurando máscaras com o rosto do pedreiro e faixas de protesto, os manifestantes exigiam da polícia que entregasse os restos mortais de Amarildo para que pudessem ser enterrados. A mulher do pedreiro, Elizabeth Gomes da Silva, disse estar homenageando o marido no Dia de Finados, embora sem saber o destino que deram ao seu corpo.
O diretor executivo da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, que organizou a caminhada, disse à Agência Brasil que a reivindicação da família de Amarildo é um desejo legítimo. “Nós entendemos que esse caso, a forma como a sociedade, os meios de comunicação, estão lidando com ele, é um divisor de águas na história da segurança pública do Rio de Janeiro”. Ele lembrou que, há 20 anos, a morte de um pobre não causaria tamanhas comoção nem mobilização. “Isto porque um Brasil novo está emergindo. Um Brasil em que não cola mais você tentar desqualificar a vítima na perspectiva de justificar o ato criminoso”.
Costa salientou a importância de se atentar para o fato de que as famílias dos policiais envolvidos também foram destruídas. “Uma política de segurança pública está sendo questionada, porque, por trás disso tudo, há desigualdade social”.
Oliveira traduziu o sentimento geral dos manifestantes de estarem cansados do que qualificou de “pacificação virtual”. “A pacificação era um sonho, que se tornou pesadelo na vida de muitos moradores, mas não por culpa dos policiais, porque eles servem a um compromisso de governo. Trocam-se vários comandantes, vários delegados, e o problema continua”. Ele sugeriu que, “talvez, tenha que trocar o chefe que está acarretando tudo isso, que é o secretário de Segurança Pública [José Mariano Beltrame], para que novas ideias possam criar novos canais de diálogo”. Oliveira observou que o mesmo problema ocorre em outras comunidades que têm UPPs. “O que nós queremos é diálogo, respeito e mais parceria”.
Três motociclitas da própria UPP escoltaram os participantes da passeata até a base da unidade, onde foram recebidos pela comandante, major Pricilla de Oliveira Azevedo. Ela permitiu que os manifestantes entrassem no local para reverenciar Amarildo, desde que o ato fosse feito de maneira pacífica, o que de fato ocorreu. A major Pricilla não quis falar com a imprensa. De acordo com denúncia feita na ocasião pelo movimento social Favela Não se Cala, mais de 10 mil pessoas morreram nas favelas do Rio de Janeiro na última década.
Apesar do movimento da família, que reclama os restos mortais de Amarildo, ao longo do percurso foram ouvidas várias expressões de insatisfação dos moradores com a passeata e a indefinição do caso do ajudante de pedreiro, que se arrasta há quatro meses.
da AGENCIA BRASIL
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