sábado, 24 de maio de 2014

"Nas ruas não me sinto livre", diz manifestante de topless na Marcha das Vadias

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Pelo menos 30 mulheres tiraram a blusa e, algumas, também o sutiã para participar da manifestação feminista Marcha das Vadias, que teve início na manhã deste sábado (24) e terminou na praça Roosevelt, em São Paulo. O movimento reuniu 2.000 pessoas, segundo a organização, ou 300 de acordo com a polícia.
Algumas delas tinham dizeres como "minhas regras" pintados no corpo. A maioria cobriu o rosto com panos.
Cerca de 500 pessoas se reuniram neste sábado para a Marcha das Vadias em SP
"Nas ruas, de roupa, eu não me sinto respeitada e nem me sinto livre. Aqui eu posso fazer o que quiser", disse uma das mulheres à Folha. Nenhuma delas quis se identificar.
Questionada sobre a sensação de tirar a roupa em público, a resposta foi: "É libertador".
O grupo disse ainda que não participa de nenhum grupo feminista específico, nem se inspira no Femen –coletivo ucraniano que ficou conhecido pelo uso da nudez de mulheres como forma de chamar atenção.
A marcha feminista acontece anualmente desde 2011. Tradicionalmente, as manifestantes tiram a roupa em defesa dos diretos das mulheres. O tema este ano foi violência sexual.
A passeata, cuja concentração se deu no vão livre do Masp, seguiu trajeto pela rua Augusta no sentido centro.
Nas faixas carregadas pelos manifestantes, a maioria do sexo feminino, há dizeres como "Meu corpo, minhas regras" e "Quem cala não consente".
Na bateria, o grito era "vem pra rua contra o machismo".
Segundo a organização, 2.000 pessoas participam da marcha. De manhã, quando chovia, falava-se em 500.
VIOLÊNCIA EM CASA
O tema da marcha deste ano é violência sexual. De acordo com Priscila (nome fictício), que é uma das organizadoras do evento, a ideia é conscientizar a população sobre os crimes sexuais.
"Dados mostram que sete em cada dez mulheres estupradas sofreram violência por alguém conhecido, muitas vezes da própria família. Estupro não acontece somente à noite em ruas escuras", diz.
Ela não quis se identificar porque diz ter sido ameaçada recorrentemente pela internet. "Muita gente entra na nossa página do Facebook e diz que a gente merece ser estuprada."
A reportagem conversou também com Melissa (nome fictício), que diz ter sido estuprada pelos tios dos quatro aos sete anos.
Hoje, adulta e grávida de nove meses, ela diz ter encontrado na marcha um espaço para falar sobre a violência que sofreu.
"Eu só consegui falar sobre o estupro que sofri aos 26 anos. É muito difícil falar", afirma.
legalização do aborto também é uma reivindicação do movimento.
CONCORRÊNCIA
A Marcha das Vadias fez um acordo com a organização do protesto anti-Copa para que os movimentos não concorressem.
As feministas saíram em marcha pela rua Augusta por volta das 14h e caminharam por cerca de duas horas até a praça Roosevelt.
Perto dali, a praça da Sé já começava a receber pessoas portando faixas contra o mundial e em apoio às greves dos motoristas de ônibus e professores, deflagradas durante a última semana.
"A PM deve ficar por lá [no protesto anti-Copa]. Aqui há mais mulheres, idosos e crianças, quase não há policiais", disse uma das organizadoras do evento. 

FONTE:FOLH

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