Motolâncias devem ficar sem operação até outubro

Com custo de R$ 16 mil cada, motolâncias estão paradas em uma oficina que presta serviço de manutenção aos veículos da SMS. Foto: José Aldenir

Para um paciente que teve uma parada cardiorrespiratória, o tempo de sobrevida sem sequelas é de até sete minutos. Diante desse cenário, a motolância – motocicleta equipada com remédios e equipamentos médicos – é primordial para fazer o primeiro atendimento, no caso a reanimação, para em seguida acionar a ambulância de suporte avançado. Como são mais rápidas no trânsito, as motolâncias agilizam o socorro às vítimas de acidentes ou de paradas cardíacas, já que as ambulâncias gastam em média de 15 a 20 minutos para chegar ao local de uma ocorrência. No entanto, desde o mês de abril, o serviço não está funcionando em Natal por falta de técnicos de enfermagem. De acordo com o coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Natal, Rodrigo Azevedo, uma motolância consegue chegar a uma ocorrência em, no máximo, seis minutos e conseguiria reduzir consideravelmente o número de complicações em decorrência de diversos agravos, como é o caso de uma parada cardiorrespiratória.
O serviço da motolância deve permanecer desativado por, pelo menos, mais dois meses, pois esse é o prazo dado pela Secretaria Municipal de Saúde para contratar os profissionais que atuarão no serviço. Cada motocicleta, depois de equipada, custou ao Ministério da Saúde cerca de R$ 16 mil. Hoje, elas estão paradas e guardadas em uma oficina que presta serviço de manutenção aos carros e motos da Secretaria de Saúde de Natal. Quando estão em funcionamento, as motolâncias atendem uma média de 20 pacientes por dia, das 7h da manhã às 19h, em um plantão de 12 horas.
O coordenador do Samu Natal, Rodrigo Azevedo, confirmou que todas as sete ambulâncias estão paradas há quatro meses, em função da falta de técnico de enfermagem. Eram seis motos em funcionamento, divididas com três duplas de técnicos, e uma de reserva técnica. “Nos últimos anos saíram vários profissionais do Samu Natal por problemas de saúde, por não se adaptar com o serviço e por aposentadorias, e não foi reposto esse quadro. Perdemos 17 técnicos de enfermagem”, destacou. Hoje, é necessário que o Município contrate, pelo menos, 18 profissionais para que o serviço volte a funcionar.
A Secretaria Municipal de Saúde deve publicar até o início da próxima semana o edital para contratação desses profissionais e, em até 60 dias, garante Rodrigo Azevedo, as motolâncias estarão em pleno funcionamento. “Daqui a dois meses teremos as motolâncias equipadas, habilitadas, qualificadas, os técnicos trabalhando e com os equipamentos nas ruas. Não temos problemas de equipamentos, pois são todos doados pelo Ministério da Saúde”, destacou. Os profissionais serão capacitados pelo Núcleo de Educação Permanente do Samu Natal.
Frota de ambulâncias
Rodrigo Azevedo diz que o quadro de profissionais que trabalha nas ambulâncias do Samu Natal também é apertado. O Serviço conta com 12 ambulâncias, sendo nove de suporte básico e três de suporte avançado, funcionando como uma Unidade de Terapia Intensivo (UTI) móvel. “Não temos nenhuma ambulância parada”, afirmou. Rodrigo disse que atualmente a frota de ambulâncias do Samu Natal é homogênea, pois dispõe de oito ambulâncias de 2010 e quatro ambulâncias de 2012. Além disso, o Serviço dispõe de cinco ambulâncias de 2006, que funcionam como reserva técnica, com mais de 200 mil quilômetros rodados. “Esse é o nosso problema, pois quando tiramos uma ambulância da frota homogênea para ir para a manutenção, temos que colocar em circulação uma ambulância de 2006, que está bastante desgastada, e sem condição de uso”, disse.
O coordenador disse que recentemente recebeu duas ambulâncias, tipo caminhonete 4×4, que funcionará como reserva. No próximo mês, o Samu Natal receberá mais quatro ambulâncias novas do Ministério da Saúde. “Vamos ficar com veículos novos de reserva e na operação”. Em função de Natal sediar a Copa do Mundo de Futebol, o Samu Natal enviou um projeto de ampliação do serviço em Natal, que foi aprovado pelo Ministério da Saúde. No próximo ano, o Samu ampliará em mais duas ambulâncias. Além disso, o projeto prevê a renovação das 12 frotas de ambulâncias.
Rodrigo Azevedo disse que normalmente as macas do Samu Natal ficam presas nos principais hospitais de Natal – Walfredo Gurgel, Santa Catarina e João Machado. Ele conta que o Ministério Público tem acompanhado diariamente esse problema. O Samu conta com 26 macas e apenas 17 ambulâncias, um excedente de nove macas. “Temos essas macas em reserva, mas tem dias que todas as nossas reservas estão sendo utilizadas, pois as outras estão presas nos hospitais”, afirmou o coordenador do Samu Natal.

FONTE: JH RN