O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso na Operação Lava Jato, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), por uso do cargo na empresa para favorecer a contratação de empreiteiras mediante o pagamento de propina, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Cerveró está preso desde janeiro na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e é réu em outras ações derivadas da Lava Jato.
O MPF também denunciou à Justiça Federal no Paraná, na noite de ontem (23), o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador financeiro do esquema de fraudes na Petrobras, e Oscar Algorta, ex-presidente do Conselho de Administração da Jolmey S/A no Uruguai, acusado de ser o responsável pela lavagem de recursos que beneficiou Cerveró.
Caberá ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos decorrentes das investigações da Lava Jato, decidir se aceita as denúncias.
Para o MPF, Algorta é o “mentor intelectual” da operação de lavagem de capitais que beneficiou Cerveró. Isso porque, de acordo com o registro de imóveis, um apartamento de cobertura em Ipanema, no Rio de Janeiro, foi adquirido pela Jolmey do Brasil pelo valor de R$ 1,5 milhão e reformado por R$ 700 mil.
Atualmente, segundo a denúncia, o imóvel está avaliado em R$ 7,5 milhões e pertencia, desde o início, a Cerveró. O Ministério Pública destaca que há um forte conjunto probatório indicando que a Jolmey do Brasil era controlada pelo ex-diretor da Petrobras.
"O objetivo de Cerveró e Algorta era simular uma locação do imóvel como forma de ocultar a real propriedade do bem e evitar que Cerveró pudesse ser alvo de investigação por enriquecimento sem causa – e claro, de corrupção", afirma o MPF na denúncia. O Ministério Público pede a perda do apartamento, bem como os valores das contas correntes da empresa, possivelmente proveniente dos aluguéis recebidos pela utilização do bem. Outro pedido do MPF é o pagamento de reparação dos danos causados pela infração, no valor de R$ 7,5 milhões.
Conforme a denúncia, diligências demonstraram que Fernando Soares era, na época, o operador financeiro ligado à Diretoria Internacional da Petrobras, atuando em favor de Cerveró para intermediar o pagamento de propina e lavar recursos ilícitos adquiridos.
Parte da propina recebida por Cerveró, de acordo com o MPF, foi remetida ao exterior para empresas offshores no Uruguai e na Suíça. “Posteriormente, constatou-se que uma parcela dos recursos retornou ao Brasil por meio da simulação de investimentos diretos na empresa brasileira Jolmey do Brasil Administradora de Bens Ltda, a qual, na realidade, tratava-se de uma filial da offshore uruguaia Jolmey S/A”, diz o MPF.
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