Deputado do PMDB é denunciado por corrupção duas semanas após assumir a presidência da Assembleia
Ciro Marques
Repórter de Política
O escândalo denunciado na Operação Sinal Fechado, que já envolveu os ex-governadores Wilma de Faria (PSB) e Iberê Ferreira (PSB), denunciou nesta sexta-feira o chefe de mais um Poder do Rio Grande do Norte: o deputado estadual Ezequiel Ferreira, presidente da Assembleia Legislativa há pouco mais de duas semanas. O parlamentar foi denunciado pelo Ministério Público do RN por pedir R$ 350 mil para ajudar a aprovar o projeto da inspeção veicular no Rio Grande do Norte na Casa Legislativa em 2010.
A denúncia, que aponta para corrupção passiva, é resultado da colaboração premiada feita por George Anderson Olimpio da Silveira, um dos réus da operação Sinal Fechado e acusado de ser o responsável por todo o processo irregular de implantação da inspeção veicular no Estado. “Há mais elementos além desse depoimento de George Olimpio. Ezequiel Ferreira também foi citado no depoimento de outro envolvido, Alcides Fernandes”, revelou o procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis, responsável por assinar a denúncia contra o atual presidente da Assembleia.
“Os réus colaboradores elucidaram, com riqueza de detalhes, os meandros da trama narrada na denúncia, com indicação dos demais autores e partícipes, infrações penais por eles praticadas, a revelação da estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa”, reforçou o texto enviado pela assessoria de comunicação do MP, complementando as palavras do procurador.
De acordo com Reis, Ezequiel Ferreira teria pedido R$ 350 mil para atuar como defensor do projeto da inspeção veicular – discutido no final da gestão Wilma, todo o Governo Iberê Ferreira e implantado nos primeiros meses da administração Rorsalba Ciarlini, mas logo depois suspensa por descobrimento das irregularidades.
Dos R$ 350 mil pedidos por Ezequiel, R$ 300 mil seriam pagos “no ato” do acerto e outros R$ 50 mil depois, na campanha (de 2010). “Ezequiel teria pedido inicialmente R$ 500 mil, mas depois baixado para R$ 350 mil. Desse valor, segundo o deputado, uma parte seria para o então presidente da Assembleia, Robinson Faria, hoje governador. Nós apuramos esse possível envolvimento de Robinson, mas não encontramos qualquer outra prova contra ele e decidimos arquivar a investigação”, explicou Reis.
Apesar de Robinson não ter sido envolvido no caso, o procurador-geral de Justiça confirmou que há outros políticos citados na delação premiada de George Olimpio, como o senador José Agripino (DEM). Como o MPRN não tem poder de investigar o presidente nacional do Democratas, o caso foi enviado para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “A investigação continua sobre o desdobramento da Sinal Fechado. Os promotores do Patrimônio Público continuam analisando e juntando provas”, afirmou Rinaldo Reis, em coletiva de imprensa sobre o caso concedida na manhã de hoje.
ENVOLVIMENTO ANTIGO
É importante ressaltar que essa não é a primeira vez que Ezequiel Ferreira é citado no escândalo da Sinal Fechado. O parlamentar, que presidiu normalmente a sessão de hoje da Assembleia, sem saber do teor da coletiva concedida no MPRN, apareceu nos depoimentos pela primeira vez em maio de 2012. Na época, diante de poucas provas, Ezequiel apenas desmereceu a citação.
“A fantasia soa absurda, por não ter eu liderança e força suficientes na Casa para influir, isoladamente, na decisão de vinte e três outros Deputados, nem poder para leva-los a votar dessa ou daquela maneira. É mesmo ridículo supor que alguém vá desembolsar tão vultosa quantia para seduzir um só deputado, entre vinte e quatro, quando esse único Deputado sabidamente não tinha meios e força para atender ao pretendido”, acrescentou Ezequiel Ferreira na época.
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