terça-feira, 10 de março de 2015

Delator diz que começou a receber propina de forma ‘pessoal’ em 1997 e ‘institucionalizada’ em 2003


2015-797783928-2015031058239.jpg_20150310Ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco chega ao Congresso – Givaldo Barbosa / Agência O Globo
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou na CPI da Petrobras que recebeu propina de forma pessoal a partir de 1997 (governo Fernando Henrique) e que a partir de 2003 (governo Lula) o pagamento foi de forma “institucionalizada”, com a participação de outras pessoas da companhia.
- Como faz parte do meu termo de colaboração, iniciei a receber em 1997, 1998. Foi uma iniciativa pessoal minha junto com representante da empresa. Descrevo no meu depoimento, vou reiterar o que está dito. Na forma mais ampla, em contato com outras pessoas, de forma mais institucionalizada, isso foi a partir de 2003, 2004 – disse o ex-gerente
Barusco fez acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato e concordou em devolver cerca de US$ 100 milhões que recebeu como propina.
O depoimento de Pedro Barusco ocorre no plenário 2. A advogada do delator, Beatriz Catta Preta, solicitou formalmente que o depoimento fosse secreto mas, após negociação, foi firmado um acordo para o depoimento ser aberto. Apenas questões pessoais deverão ser feitas a portas fechadas.
O ínício da sessão foi marcada pela discussão sobre a possibilidade de investigados participarem dos trabalhos da CPI.
- Essa CPI não pode começar em pizza. Não há condição de investigado investigar – disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
Antes, o relator Luiz Sérgio (PT-RJ) afirmou que não tem poder para substituir os membros investigados.
- Esse pedido deve ser feito aos líderes partidários – disse ele.
BARUSCO APONTA US$ 200 MILHÕES PARA O PT
Em sua delação premiada à Justiça, entre outras afirmações, Barusco declarou ter recedido, desde 1997, propina de empresas que mantinham contrato com a Petrobras; e que, a partir de 2003, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, passou a participar do esquema – segundo o delator, Vaccari teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propinas para o PT entre 2003 e 2013.
Barusco relatou ainda que seu ex-chefe, o então diretor de Serviços Renato Duque, pedia quinzenalmente R$ 50 mil em dinheiro de propina cobrada em contratos com a Petrobras e que continuou a recebê-las em conta no exterior, mesmo depois de ter deixado o posto, em 2012. Barusco disse que Duque não precisava exigir dos empresários o pagamento de propina, pois ele era endêmico na Petrobras e “fazia parte da relação”.
Ainda de acordo com Barusco, também era cobrada propina dos contratos que envolviam a Diretoria de Gás e Energia, que teve como diretores Ildo Sauer e Graça Foster.
A convocação de Barusco, como primeiro depoente da CPI, foi fruto de um acordo entre deputados da oposição e do governo. Depois dele, serão ouvidos os ex-presidentes da Petrobras Sergio Gabrielli e Graça Foster.
O Globo VIA Blog do BG

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