sábado, 7 de março de 2015

Carlos Eduardo Alves não sai da Prefeitura e a oposição critica o ‘caos’ em Natal

Após fortes chuvas, lideranças apontam responsabilidades. Prefeitura rebate: “há plano de drenagem”

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Alex Viana
Repórter de Política
Políticos de oposição à atual gestão no Município criticaram na manhã desta sexta-feira o que classificaram de falta de visão, descaso e maquiagem da Prefeitura de Natal. As chuvas que caíram sobre a cidade nas últimas horas e que transformaram a paisagem fazendo emergirem dezenas de pontos de alagamento trazem, mais uma vez, a reflexão quanto ao problema histórico. O prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), embora não possa ser apontado como culpado exclusivo do problema, é o maior alvo das críticas, devido ter governado a cidade por sete anos (2002 a 2004 e 2005 a 2008) nos seus mandatos passados, e estar desde janeiro de 2013 novamente à frente do executivo, e, ainda assim, ser considerado pouco operante em relação a questão.
A Prefeitura rebate. De acordo com o secretário adjunto de Obras e Infraestrutura, Caio Múcio, a Prefeitura tem um Plano de Drenagem que está em plena execução. Os projetos foram feitos e apresentados em Brasília e aguardam aprovação junto aos ministérios. Além disso, obras importantes estão sendo executadas, como o túnel de macrodrenagem de Lagoa Nova, inicialmente inserida no PAC da Copa e que foi absorvida dentro do PAC Cidades. Segundo Caio Múcio, essa obra irá resolver o problema de 33 pontos de alagamentos históricos de Natal, mas ainda se encontra restando 20% ser executada. “A obra está 80% executada. Do total de 4.800 metros de tuneis resta apenas um túnel de 800 metros a ser concluído. A demora se deve à aparição de um solo de pouca coesão. Isso foi analisado e já encontramos a solução técnica, estamos agora aguardando a solução orçamentária”, explicou o secretário adjunto.
A Prefeitura informa ainda que no tocante aos demais pontos de alagamento da cidade todos se devem à falta de pavimentação de drenagem. Só há pontos de alagamento onde não há sistema. Múcio não soube responder quantos por cento da cidade é coberta por drenagem e quantos por cento falta ser englobado. Ele destacou, entretanto, que há bacias sendo licitadas e que algumas outras acabaram de ser concluídas. Locais como Nossa Senhora da Apresentação foram totalmente contemplados recentemente. Mas há outros pontos necessitando de complemento ou mesmo de início de obras.  “Tudo está planejado. Temos o estudo completo da drenagem de Natal. O Plano Diretor de drenagem que está pronto. Fizemos orçamentos e cartas-consulta. Mas são obras que demandam muitos recursos e, em várias delas, falta aprovação do projeto em Brasília”, destacou.
MONITORAMENTO
Durante toda a manhã, o prefeito Carlos Eduardo Alves monitorou a incidência das chuvas nos bairros mais atingidos. A preocupação inicial do chefe do executivo foi com relação ao bairro de Mãe Luíza, onde chuvas intensas ocasionaram um desmoronamento de uma barreira e hoje a gestão faz uma obra no local. O prefeito destacou a normalidade da obra. “Apesar da chuva de mais de 40 milímetros, a obra de recuperação de Mãe Luíza e Areia Preta está dentro da normalidade”, afirmou, por meio das redes sociais. Carlos Eduardo informou ainda que se mantinha na prefeitura durante toda a manhã de hoje, acompanhando o trabalho da Defesa Civil e ordenando providências mais urgentes. “A Defesa Civil está nos bairros monitorando as chuvas. Estamos acompanhando tudo aqui no Palácio Felipe Camarão”.
Mineiro: “Enxurrada em Natal leva maquiagem por falta de visão”
O deputado estadual Fernando Mineiro (PT) avalia que os alagamentos registrados nesta manhã em vários pontos de Natal refletem a falta de planejamento urbano da cidade, além da inexistência de um plano diretor e de um sistema articulado de drenagem. “E isso ocorre porque a cultura administrativa é a cultura da maquiagem, do imediato. Choveu, caiu a maquiagem”, afirmou. Pré-candidato na sucessão do ano que vem, o petista critica o que classifica de cultura do imediatismo, em que “pinturas de meios-fios e maquiagens” são priorizados em detrimento do planejamento de curto, médio e longo prazo.
Politicamente, Mineiro censura o prefeito Carlos Eduardo e a vice-prefeita Wilma de Faria (PSB) pelo caos. Segundo ele, Carlos e Wilma governam conjuntamente a cidade há 20 anos. “A culpa é dos gestores atuais. Esse grupo de gestão optou por um tipo de imediatismo e não consegue dotar a cidade de um sistema a de drenagem porque não tem planejamento urbano. A atual administração e a administração passada, que são do mesmo grupo, que é Wilma e Carlos. Ambos há muitos anos trabalhando nessa perspectiva”, completou.
Segundo Mineiro, é preciso enfrentar a questão com política de planejamento urbano, pensando para além do imediatismo. “Os que há anos governam nossa cidade foram e são incapazes de dotar a cidade de um sistema articulado de drenagem, por absoluta falta de visão e de planejamento urbano. Prisioneiros do imediatismo, apenas repetem um padrão administrativo, priorizando pinturas de meios-fios e outros retoques”. Para ele, “as necessárias obras de infraestrutura servem apenas de discurso de ocasião. E estas obras, ao contrário das chuvas, não caem dos céus. Reclamam por gestores que tenham visão de futuro e coragem para romper com a acomodação e a mesmice administrativa”, frisou.
Robério: “Situação é fruto do descaso dos últimos governos”
Candidato a prefeito de Natal e a ex-governador do Estado nas duas últimas eleições, o professor Robério Paulino (PSOL) disse que a situação atual é fruto da falta planejamento, descaso e falta de visão de todos os últimos governos. “Natal é uma cidade muito bruta, onde os prefeitos sempre se preocupam com aparência das coisas, a decoração natalina, shows do carnaval. Enquanto isso, o que conta e que é estrutural, como a drenagem, a educação e a saúde, infelizmente, é secundário para os gestores”.
Robério disse ver “com tristeza” a cidade alagada. “Porque se passou mais de um ano e não resolveram a situação de Mãe Luísa. Está lá tudo descoberto, começaram o projeto muito atrasado, mas ainda corre o risco de desabar. Engraçado é que teve dinheiro para a decoração natalina, para o carnaval, e eu pergunto: Por que não teve dinheiro no ano passado para resolver o problema de Mãe Luísa?”.
Robério Paulino aponta a falta de drenagem na atual gestão e nas gestões passadas como principais responsáveis pela persistência do problema. “Lógico que a culpa é do prefeito atual, e não, da chuva. A chuva não tem culpa. É falta de drenagem do prefeito atual e dos anteriores. O prefeito maquiagem é especialista em maquiar a cidade”.
Kelps: “Responsabilidade da Prefeitura”
O deputado estadual Kelps Lima (SDD) analisa a falta de uma solução viável para os alagamentos. Segundo ele, muito pouca chuva foi suficiente para ocasionar um estrago na cidade. “Somente 50 milímetros e o problema recorrente. As gestões vão se passando e não se consegue apresentar uma solução viável para essa questão”.
Para o deputado, falta um investimento estratégico. “Na gestão passada de Carlos Eduardo esse foi um dos motivos de ele ter uma gestão mais mal avaliada no final. A gente espera que isso seja atenuado”, frisou.
A responsabilidade frente ao problema, ele afirma, é da gestão: “Responsabilidade é da Prefeitura, que é responsável pela drenagem. A preocupação é se as chuvas continuarem a gente caminha para uma situação caótica na cidade. Essa que é a preocupação”.
Kelps diz ainda que o problema histórico de Natal vem de todas as últimas gestões. “Agora, Carlos Eduardo e Wilma de Faria têm 20 anos de Prefeitura. Entra ano e sai ano e não se consegue melhorar. Falta planejamento estratégico na área. A cidade não vai evoluir sem planejamento estratégico, nas áreas fundamentais da cidade, como saúde, educação, mobilidade e saneamento, são áreas estratégicas que necessitam de plano de longo prazo”.
Para ele, fica difícil para Carlos Eduardo justificar a razão pela qual a cidade ainda enfrenta tantos problemas nessa área. “O prefeito que há vinte anos está nesse grupo que administra a cidade, se tivesse feito planejamento estratégico há 20 anos, Natal estava melhor. É complicado para quem está na prefeitura há tantos anos falar em planejamento. Se fosse primeira gestão, tudo bem, é aceitável, mas quem já está há tantos anos, a cobrança tem que ser mais firme, e aí, cadê?”
Citado como pré-candidato a prefeito de Natal, cobra uma “discussão mais racional” do problema. “Vamos ter a revisão do Plano Diretor. Espero que haja uma discussão racional da política de uso do solo. Natal tem densidade alta e isso requer infraestrutura na área de drenagem e limpeza urbana, que afeta a questão das inundações de maneira muito forte. Então espero que dessa discussão do Plano saia uma das oportunidades de se fazer uma discussão de uso do solo em Natal”.
Hermano: “Gestores atuais e anteriores têm consciência dessa realidade”
Para o deputado estadual Hermano Morais (PMDB), que disputou a eleição passada de prefeito de Natal, o mais grave é que os pontos de alagamento são conhecidos, mas a solução não é devidamente encaminhada. “O problema é antigo, pena que não resolvido. Mas todos os gestores, atual e anteriores, têm consciência dessa realidade. O mapeamento dos pontos nevrálgicos da cidade, com relação à drenagem, já foi feito há muito tempo. Infelizmente as obras para corrigir essa deficiência não têm acontecido”, destacou.
Segundo Hermano, a falta de drenagem das agias das chuvas é uma problema crônico. “Além disso, temos identificados mais de cem pontos com maior intensidade do problema. Infelizmente, essa situação não tem sido enfrentada, nem resolvida. E quando chove com maior intensidade, a cidade para, prejudicando o transporte, a mobilidade e a atividades da cidade”.
Hermano ressalta que o maior prejuízo pela falta de solução definitiva da questão é do cidadão. “Termina causando prejuízo ao cidadão. Sejam os que estão se deslocando em seus veículos, sejam os que têm residência em locais mais baixos, que terminam, a cada chuva com maior intensidade, perdendo o seu patrimônio”. O peemedebista inclui ainda entre os prejudicados os mais humildes, “que muitas vezes perdem tudo que conseguiram construir com tanto sacrifício”.
“Tudo é questão de prioridade. E esse assunto devia ser tratado como prioridade pela administração municipal. Sabemos que há carência de recursos, mas o problema nunca tem sido tratado com a seriedade que merece. Não tem sido prioridade, por isso persiste e quem termina prejudicado é o cidadão que paga impostos e se vê periodicamente em situação como essa”, finalizou.
FONTE:JHRN

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