De acordo com especialista, as garotas são as que mais sofrem com esse tipo de violação
Um levantamento da organização não governamental (ONG) Safernet, que há oito anos tem um serviço de denúncias online, aponta que, em 2014, foram registrados 224 casos de sexting – a divulgação de conteúdo erótico por meio de mensagens, fotos ou vídeos. O valor revela um aumento de 120% em relação a 2013, quando chegaram a ser registrados 101 casos.
No caso das denúncias, o conteúdo geralmente foi divulgado sem o consentimento da pessoa envolvida, gerando um enorme constrangimento. A Safernet tem realizado várias campanhas de alerta com depoimentos de jovens que foram vítimas de sexting. Os relatos, em geral, envolvem ameaças, sofrimento e o medo da reação de outras pessoas.
Garotas
Meninos e meninas produzem e compartilham imagens íntimas, mas as mulheres são as que mais sofrem, segundo a psicóloga e coordenadora do canal de ajuda da Safernet, Juliana Cunha. Em 2014, 81% das pessoas que pediram ajuda à ONG eram mulheres.
“Nos últimos anos, a gente percebeu um aumento significativo de denúncias de meninas que tiveram fotos íntimas expostas na internet, o que nos fez perceber que esse tema é muito importante e sensível, porque o sofrimento é muito grande. Há dois anos tivemos um caso, que foi amplamente noticiado, de duas meninas que não suportaram a pressão e cometeram suicídio”, lembra.
Na opinião de Juliana Cunha, os jovens estão mais expostos a esse problema, pois vivem suas primeiras experiências sexuais. Os adolescentes hoje namoram pela internet, usam a webcam e as novas tecnologias para trocar mensagens e fotos – algumas delas de conteúdo íntimo.
Ela explica que, ao receber uma denúncia, a Safernet envia os dados para o Ministério Público Estadual e Federal e para a Polícia Federal que fazem a investigação. “É bom lembrar que, no ano passado, foram feitas mais de oito operações no enfrentamento e combate à pornografia infantil na internet pela Polícia Federal. Foi um crescimento no número de pessoas identificadas e que estão respondendo na Justiça”, ressalta.
Subnotificação
Segundo a advogada especialista em direito digital e idealizadora do Movimento Família Mais Segura na Internet, Patricia Peck, apesar do aumento no número de denúncias, os casos de sexting ainda são subnotificados. “As denúncias representam menos de 20% dos episódios. Em 80% dos casos, as pessoas têm vergonha do que aconteceu”
Ela alerta que a pessoa “sofrerá” por muito tempo. “Antigamente, mudava de escola, de bairro. Hoje em dia faz o quê? Não adianta mudar de cidade, aquele conteúdo vai atrás da família aonde ela for”, diz. A advogada defende que o tema se torne disciplina obrigatória. “A gente está com uma lacuna de formação, de algo que pode ser ensinado nas escolas, nas associações de pais e mestres”, defende.
Helpline
Em 2012, a Safernet inaugurou um serviço de ajuda em tempo real. Por meio do Helpline, é possível conversar e explicar a sua situação por meio de um chat.
“Adolescentes não podem ficar abandonados na internet”
Muitos pais ensinam os filhos a não conversarem com estranhos na rua e a não dizer o nome nem o endereço. No entanto, o mesmo cuidado não é tomado em relação ao mundo virtual. O promotor de Justiça Thiago Pierobon, coordenador do Núcleo de Direitos Humanos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MP-DFT), ressalta que é preciso acompanhamento. “É muito importante que pais, professores, pessoas que têm a guarda das crianças e dos adolescentes estejam mais envolvidas no sentido de não deixarem essas crianças abandonadas no mundo virtual, que elas estejam sob supervisão”. Segundo ele, as novas mídias sociais, como Facebook e Whatsapp, associadas ao aumento do número de aparelhos celulares com acesso à internet potencializam as relações sociais, exigindo uma maior atenção por parte dos pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes.
FONTE:JHRN
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