quarta-feira, 20 de maio de 2015

Vazamento de fotos íntimas aumenta 120% em apenas um ano

De acordo com especialista, as garotas são as que mais sofrem com esse tipo de violação

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Um levantamento da organização não governamental (ONG) Safernet, que há oito anos tem um serviço de denúncias online, aponta que, em 2014, foram registrados 224 casos de sexting – a divulgação de conteúdo erótico por meio de mensagens, fotos ou vídeos. O valor revela um aumento de 120% em relação a 2013, quando chegaram a ser registrados 101 casos.
No caso das denúncias, o conteúdo geralmente foi divulgado sem o consentimento da pessoa envolvida, gerando um enorme constrangimento. A Safernet tem realizado várias campanhas de alerta com depoimentos de jovens que foram vítimas de sexting. Os relatos, em geral, envolvem ameaças, sofrimento e o medo da reação de outras pessoas.
Garotas
Meninos e meninas produzem e compartilham imagens íntimas, mas as mulheres são as que mais sofrem, segundo a psicóloga e coordenadora do canal de ajuda da Safernet, Juliana Cunha. Em 2014, 81% das pessoas que pediram ajuda à ONG eram mulheres.
“Nos últimos anos, a gente percebeu um aumento significativo de denúncias de meninas que tiveram fotos íntimas expostas na internet, o que nos fez perceber que esse tema é muito importante e sensível, porque o sofrimento é muito grande. Há dois anos tivemos um caso, que foi amplamente noticiado, de duas meninas que não suportaram a pressão e cometeram suicídio”, lembra.
Na opinião de Juliana Cunha, os jovens estão mais expostos a esse problema, pois vivem suas primeiras experiências sexuais. Os adolescentes hoje namoram pela internet, usam a webcam e as novas tecnologias para trocar mensagens e fotos – algumas delas de conteúdo íntimo.
Ela explica que, ao receber uma denúncia, a Safernet envia os dados para o Ministério Público Estadual e Federal e para a Polícia Federal que fazem a investigação. “É bom lembrar que, no ano passado, foram feitas mais de oito operações no enfrentamento e combate à pornografia infantil na internet pela Polícia Federal. Foi um crescimento no número de pessoas identificadas e que estão respondendo na Justiça”, ressalta.
Subnotificação
Segundo a advogada especialista em direito digital e idealizadora do Movimento Família Mais Segura na Internet, Patricia Peck, apesar do aumento no número de denúncias, os casos de sexting ainda são subnotificados. “As denúncias representam menos de 20% dos episódios. Em 80% dos casos, as pessoas têm vergonha do que aconteceu”
Ela alerta que a pessoa “sofrerá” por muito tempo. “Antigamente, mudava de escola, de bairro. Hoje em dia faz o quê? Não adianta mudar de cidade, aquele conteúdo vai atrás da família aonde ela for”, diz. A advogada defende que o tema se torne disciplina obrigatória. “A gente está com uma lacuna de formação, de algo que pode ser ensinado nas escolas, nas associações de pais e mestres”, defende.
Helpline
Em 2012, a Safernet inaugurou um serviço de ajuda em tempo real. Por meio do Helpline, é possível conversar e explicar a sua situação por meio de um chat.
“Adolescentes não podem ficar abandonados na internet”
 Muitos pais ensinam os filhos a não conversarem com estranhos na rua e a não dizer o nome nem o endereço. No entanto, o mesmo cuidado não é tomado em relação ao mundo virtual. O promotor de Justiça Thiago Pierobon, coordenador do Núcleo de Direitos Humanos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MP-DFT), ressalta que é preciso acompanhamento. “É muito importante que pais, professores, pessoas que têm a guarda das crianças e dos adolescentes estejam mais envolvidas no sentido de não deixarem essas crianças abandonadas no mundo virtual, que elas estejam sob supervisão”. Segundo ele, as novas mídias sociais, como Facebook e Whatsapp, associadas ao aumento do número de aparelhos celulares com acesso à internet potencializam as relações sociais, exigindo uma maior atenção por parte dos pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes.

FONTE:JHRN

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