Quando Mano Menezes foi demitido da seleção brasileira, em novembro de 2012, ganhou força o nome de Josep Guardiola para assumir o comando do Brasil. O treinador vinha de temporadas espetaculares com o Barcelona, ganhando todos os títulos possíveis, e gozava de folga em um ano sabático após deixar a equipe catalã.
O então presidente da CBF, José Maria Marin, porém, mostrou-se contrário a contratar um estrangeiro e escolheu Luiz Felipe Scolari para o cargo.
Todos sabem como a história terminou.
O que poucos têm conhecimento é que Guardiola estava ansioso para receber um convite para treinar o Brasil, e teria aceitado sem pensar duas vezes. Mais: ele garantiu que, com Neymar ao seu lado, teria conquistado a Copa do Mundo de 2014.
Quem revela é o ex-goleiro Júlio Sérgio, que teve passagens marcantes por Santos e Roma. Hoje aposentado, ele está se preparando para ser treinador, e fez um estágio com “Pep” no Bayern de Munique em março deste ano. Nas conversas com o técnico, ouviu o lamento do catalão por não ter sido convidado para trabalhar com a equipe canarinho.
“Ele me falou que tinha o sonho de um dia treinar a seleção brasileira, e que aceitaria na hora um convite. Ele disse que queria comandar o Brasil na Copa de 2014, e garantiu que, se ele fosse treinador da seleção e tivesse o Neymar, teria sido campeão”, contou Júlio Sérgio, em entrevista.
Como o chamado da CBF não veio, Guardiola acabou aceitando o convite do Bayern de Munique, que fechou sua contratação em janeiro de 2013. Em junho do mesmo ano, assumiu o cargo de treinador, no lugar de Jupp Heynckes.
Em dois anos de trabalho, soma cinco títulos: dois Campeonatos Alemães, um Mundial de Clubes, uma Copa da Alemanha e uma Supercopa da Uefa.
Os estágios de Júlio Sérgio
O ex-goleiro, bicampeão do Brasileiro pelo Santos e bi da Copa da Itália com a Roma, anunciou sua aposentadoria em junho do ano passado, após passagem pelo Comercial de Ribeirão Preto, sua cidade natal. Desde então, vem se dedicando a cursos na Europa para ser treinador.
Como fala italiano fluente, graças aos sete anos em que jogou na terra do Calcio, Júlio Sérgio fez estágios na Roma, seu ex-clube, e também na rival Lazio. Também teve experiência com Carlo Ancelotti, no Real Madrid, além da semana que passou observando o trabalho de Pep Guardiola no Bayern de Munique.
“Resolvi me capacitar para fazer bem feito. Estou percorrendo esta estrada e espero trabalhar como técnico o mais rápido possível. A princípio quero ser treinador profissional, mas se for uma equipe com boa estrutura e trabalho integrado, não descarto trabalhar com base. Acho que falta isso no Brasil: um trabalho sério, que forme jogadores e cidadãos”, comentou.
Nos estágios, Júlio acompanhou dois treinadores já com alguns anos de experiência: Dorival Júnior e Vágner Mancini, que atualmente estão desempregados.
“No Bayern, ficamos uma semana e conversamos muito com o Guardiola. O Dorival e o Vágner foram para confirmar a linha de trabalho deles no Brasil e se estão muito defesados em relação à Europa. Eu fui mais para ver a postura do Guardiola, como ele trabalha. A gente sabe que ele é um revolucionário das táticas, e conversar com ele te faz entender melhor os movimentos que o time faz em campo. Foi fantástico, muito proveitoso, aprendi muito. Se puder fazer mais vezes, eu quero”, ressaltou.
“O cara vive futebol 24 horas por dia, é muito adorado pelos jogadores lá. Ele é algo muito diferente do que estamos acostumados a ver”, acrescentou.
Outra boa experiência do trio foi no Real Madrid. Na capital espanhola, bateram papo com Carlo Ancelotti, que falou sobre treinos, táticas e otras cositas más.
“O Real tem uma estrutura de outro mundo, o CT é algo fenomenal, nunca tinha visto nada parecido! Tivemos oportunidade de falar com o Ancelotti por mais de duas horas, discutindo sobre tudo, e ele nos explicou vários pontos do trabalho. Ele mesmo falou que era legal essa oportunidade, porque era difícil ele ter tempo para falar com outros treinadores, pois geralmente ele só conversa com o presidente e os jogadores. Foi um privilégio percebermos que ele estava se divertindo também”, narrou.
Já na Itália, Júlio Sérgio teve contato com os métodos de trabalho alternativos dos treinadores Rudi García, da Roma, e Stefano Pioli, da Lazio.
“O Rudi pensa que na sexta, ao invés do rachão, o jogador escolhe o que vai fazer: bobinho, finalização ou apenas fisioterapia. Ele acredita que é preciso descansar antes da partida no domingo. E na Lazio o mais interessante foi ver que eles sabem que são inferiores tecnicamente, então o técnico usa o esquema da motivação. É um trabalho muito bem feito, pois eles estão quase de volta à Champions“, finalizou.
ESPN
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