Mesmo com chuva, ato de estudantes está marcado para hoje, às 17h, nas imediações do shopping Via Direta
Marcelo Lima
marcelolimanatal@yahoo.com.br
Com a efetivação do reajuste da passagem de ônibus, um ato público da Revolta do Busão estava confirmado para iniciar no fim da tarde desta segunda-feira (28), às 17 horas, com concentração na parada do circular ao lado do shopping Via Direta. Muitos passageiros são favoráveis às manifestações de rua, desde que não se use métodos violentos.
É o exemplo do estudante Paulo Henrique da Silva, de 17 anos, que inclusive já participou de mobilizações em prol do transporte público em Natal. “Eu sou a favor, não tem nem o que discutir, sem violência e essas coisas. Esse aumento da passagem ficou um absurdo”, opinou.
Embora o reajuste pareça pouco, R$ 0,15, o valor acumulado no final do mês pode fazer falta no orçamento. “Vai ficar absurdo principalmente para o trabalhador também que paga inteira”, considerou o estudante. Paulo também desconfia do argumento dos empresários de ônibus que sustentam o “desequilíbrio econômico do sistema”.
A operadora de telemarketing Suzana Medeiros também é favorável a manifestações. “É um direito do cidadão. Só não precisa quebrar coisa que não tem nada a ver. A população tem que expressar sua insatisfação de alguma maneira”, defendeu. Para a trabalhadora, o serviço de transporte público é ruim e a cidade é pequena para a tarifa. “A passagem é cara e o serviço é um nada. E olhe que Natal é desse tamanho”, disse, fazendo um círculo com as pontas dos dedos. Apesar do apoio a protestos, ela nunca participou.
O aeroportuário Sedaiuqlem Lima da Costa, de 37 anos, foi da geração dos caras pintadas que pediram o impeachment do presidente Fernando Collor em 1992. Ele também apoia manifestações em favor do transporte público, mas é contrário à depredação de patrimônio. “Se for uma manifestação sadia sem violência, eu sou a favor. Com violência não leva a lugar nenhum”, argumentou. A nova tarifa em Natal “simplesmente não condiz com a qualidade do serviço”, classificou.
Entidade que foi liderada por secretário tem assento no CMMTU
Os estudantes das universidades presentes em Natal não estão representados no Conselho Municipal de Trânsito e Transporte Urbano (CMTTU). Em compensação, a União Estadual de Estudantes do Rio Grande do Norte (UEE/RN) se manteve como representante dos estudantes universitários no conselho. A entidade já foi presidida pelo atual secretário-chefe da Casa Civil da Prefeitura de Natal, Kleber Fernandes (PDT). Dentre outros assuntos, o CMTTU é responsável por, na prática, decidir sobre a tarifa de ônibus da cidade e é composto por várias entidades representativas de trabalhadores, patrões e governo.
Na sexta-feira passada (28), dois dias depois da votação no conselho para a elevação do preço da passagem de ônibus, o Fórum de Entidades Estudantis (de organização do Poder Executivo municipal) foi convocado pela Prefeitura de Natal para a escolha de novos representantes estudantis no Conselho. “Para essa escolha a gente viu as entidades que já tinham cadastro na secretaria, com as certidões negativas e toda a documentação em dia”, disse a secretária titular da Semob, Elequicina Santos.
O assento que representa os estudantes de ensino médio e fundamental ficou com a União Norte-rio-grandense dos Estudantes (URNE) e a suplência com a União dos Jovens Estudantes do Rio Grande do Norte (UJERN). A entidade suplente da UEE/RN é a Associação Beneficente Estudantil do Rio Grande do Norte (Abern).
De acordo com Elequicina Santos, tais entidades deverão enviar ofício para a secretaria com a indicação do nome do integrante que será conselheiro. Os indicados ainda deverão passar pelo crivo dos demais conselheiros do CMTTU para só então terem seus nomes publicados no Diário Oficial do Município como representantes legais dos estudantes no Conselho. “Agora não quer dizer que sejam eles definitivamente, até porque está prevista uma reformulação da composição do conselho”, acrescentou a Elequicina Santos.
Sem representação
O atual representante dos estudantes de nível superior, Gleydson Batalha, participou da reunião do conselho que definiu o reajuste da tarifa para R$ 2,35 na quarta-feira passada (23). No entanto, ele mesmo declarou no início da reunião que não era mais estudante, mas que ainda estava no cargo de presidente da UEE-RN.
Como a sua entidade garantiu o assento de representante dos estudantes novamente, ele poderia continuar como conselheiro. “Não existe exigência que ele seja estudante na legislação. As entidades ficaram de mandar os indicados até sexta-feira. A entidade dele [UEE] pode indicá-lo ou não”, disse Elequicina Santos. Na quarta-feira passada, Batalha falou a nossa equipe de reportagem e não manifestou interesse de permanecer no conselho.
A Secretária também comentou a ausência das entidades que representam as universidades da cidade. “Elas não chegaram a participar, só um rapaz da UNP que foi como ouvinte. Apesar de que antes a secretaria mandou uma solicitação para que essas entidades enviassem a documentação necessária para que elas participassem. Mas agora com a reformulação pode ser que eles participem”, acrescentou a titular da Mobilidade Urbana.
jhrn
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