Contudo, a Justiça, não. Os acusados já foram condenados e o responsável pelo tiro que matou o agente pegou 26 anos de prisão
Menos de três meses depois de serem presos, os quatro acusados de participarem da morte do policial civil Ilfran André Tavares Araújo, de 51 anos, ocorrida no dia 27 de abril, foram condenados a pena de 23 a 26 anos de prisão. A notícia foi vista com alívio por parte das irmãs da vítima e seus familiares, especialmente, a irmã que estava com ele na hora do crime.
“Reconhecemos que a justiça foi feita. Todos que estiveram no caso tiveram o cuidado necessário para analisar tudo o que aconteceu. A nossa família saiu com a sensação de que a justiça foi feita”. Gláucio Herculano Fonseca, de 19 anos, apontado juntamente com um adolescente como os autores dos disparos que mataram Ilfran, foi sentenciado a 26 anos de prisão em regime fechado. Já Alessandro de Freitas Procópio, Thiago Jerônimo Pinheiro e Marcelo Pegado Correia, que deram apoio ao crime, foram condenados a 23 anos e seis meses de detenção também em regime fechado. “Infelizmente, sabemos que essas pessoas cumprem 1/3 e depois podem ser liberados. Por isso acredito que no Brasil deveríamos ter a prisão perpétua. Assim os criminosos iriam pensar muito antes de cometer um crime, pois saberia que iria passar o resto da vida na cadeia”, argumentou a irmã.
Apesar de ser contra o fato de que os assassinos de Ilfran poderão sair antes do tempo que foi imposto na sentença, a irmã afirmou que perdoa os criminosos. “Toda a nossa família perdoa sim. Nos deparamos com pessoas que vieram de lares desestruturados. Eles (os criminosos) vieram de famílias que não ofereceram uma base com imposição de limites, de amor e de educação. Eles são vítimas da desorganização social, da crise pela qual o nosso país está passando”.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, no dia 27 de abril de 2014, por volta das 20h, os quatro homens, juntamente com o adolescente, se uniram para roubar a Padaria La Via Pane, no bairro de Petrópolis, em Natal. O MP disse também que, segundo ficou apurado na investigação policial, o acusado Gláucio Herculano Fonseca e o menor K.P.D. ingressaram na padaria e, cada um fazendo uso de arma de fogo, anunciaram o assalto.
Enquanto isso, Alessandro de Freitas Procópio, que dirigia um veículo GM/Celta, foi para a frente do Hospital Universitário Onofre Lopes aguardar o desenrolar da ação delituosa. Já Thiago Jerônimo Pinheiro e Marcelo Pegado Correia dirigiram as motocicletas que levaram os dois primeiros até a padaria, possibilitando a rápida fuga do local do crime.
Gláucio se dirigiu ao caixa do estabelecimento, usando um capacete de motociclista para esconder o rosto, enquanto o menor K.P.D., sem cobrir a face, abordava os clientes para subtrair seus pertences e que dentre os clientes da padaria estava o policial Ilfran Tavares Araújo, que juntamente com a irmã ocupava uma das primeiras mesas do estabelecimento.
Ao ser abordada, a mulher teve apontada contra sua cabeça a arma de fogo empunhada pelo adolescente, o que motivou reação por parte do policial Ilfran de Araújo, que entrou em luta corporal com o menor. Este, para garantir o êxodo do delito, atirou contra o policial, atingindo-o duas vezes, com Gláucio também atirando de longe. Ilfran não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Passado menos de três meses da ocorrência, sua irmã sobrevivente diz que tem feito de tudo para conseguir superar o trauma. “Esse tipo de trauma deixa sequelas. O pavor, a desconfiança sobre qualquer pessoa. Se uma moto ou carro encosta, você fica tomada por uma ansiedade muito grande. Muitas pessoas ficam sem conseguir produzir, sem sair de casa, não conseguem seguir adiante. A nossa família está se cuidando. Estamos lançando mão de recursos para não pararmos a nossa vida, pois sabemos que temos que continuar”, destacou ela, que ainda falou das principais lembranças que tem do irmão.
“Tenho a imagem de um homem que deu a vida dele pela minha. Deu a vida para salvar outra vida. O Ilfran foi um homem que pregou a justiça durante toda a vida. Era policial civil concursado. Na época da morte, ele estava trabalhando no conselho da criança e do adolescente, defendendo as crianças em situação de risco. Ele chegava em casa revoltado com as aberrações que faziam com as crianças. Infelizmente ele morreu tão injustamente”.
Por fim, a irmã fez um desabafo e disse que toda a sociedade é responsável pelo atual momento de violência que o país está passando. “Nós todos temos a nossa responsabilidade. Não podemos nos calar. Nós temos que reivindicar os nossos direitos. A nossa família está inquieta. Enquanto tivermos voz para buscar soluções para a violência, nós iremos fazer. Vamos buscar um futuro melhor para a nossa sociedade”.
FONTE: JHRN
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