Ato público aconteceu na manhã desta quinta-feira, em frente à sede do órgão, em Petrópolis
Carolina Souza
acw.souza@gmail.com
Em greve há cerca de dois meses, os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Natal realizaram na manhã desta quinta-feira (17) o ‘funeral’ do órgão. A cerimônia de enterro foi realizada como protesto ao ato de demissão de 35 servidores temporários. De acordo com os grevistas, as demissões surgiram como uma resposta da diretoria à paralisação dos funcionários, que vem se estendendo em todo o país desde o dia 26 de maio.
De acordo com o Comitê de Greve, as demissões afrontam o direito constitucional de paralisação dos servidores. “Esse ato é uma moção de repúdio destinada à administração nacional e local do IBGE. Demitir 35 servidores porque fizeram greve é uma atitude ilegal, é uma afronta aos nossos direitos”, afirma José de Souza Xavier, integrante do Comitê.
Conforme contou Xavier, a greve, de amplitude nacional do Instituto, não chegou nem a ser deflagrada por questões salariais, situação sempre comum às pautas de greve de todas as categorias trabalhistas. “Nós estamos pleiteando apenas melhores condições de trabalho, investimento em infraestrutura. E acabamos sendo ‘atacados’ dessa forma. Esses servidores temporários também são concursados, têm os mesmos direitos que os outros. Entre os demitidos tem até uma mulher grávida”, conta.
Durante o enterro simbólico do órgão, cerca de 40 servidores temporários e efetivos em greve fizeram orações aos ‘condenados’, clamando ainda por mudanças no regime de trabalho. Choros, velas e rosas brancas fizeram a composição do cenário de luto dos funcionários. A greve no IBGE em Natal teve adesão de aproximadamente 50 servidores. A maioria dos trabalhadores, algo em torno de 78%, não aderiu à paralisação.
Henrique Campelo, 26, trabalhava como Agente de Pesquisa e Mapeamento desde janeiro de 2012 até ser surpreendido pela demissão. Segundo ele, a direção do órgão chegou a justificar as demissões dos temporários por apresentarem ‘baixa assiduidade e produtividade’. “Mas isso é mentira. Temos como provar a nossa produtividade em todo esse tempo. A verdade é que as demissões sistemáticas iriam acontecer. Fizemos esse ato hoje porque achamos que é o fim da instituição. O órgão que age desse jeito é porque não tem condições de se manter”, disse.
O Jornal de Hoje procurou o chefe do escritório do IBGE no Rio Grande do Norte, José Aldemir Freire, mas ele não estava no local. De acordo com os servidores, Aldemir deixou o prédio quando ficou sabendo do protesto. A chefe substituta estava na casa, Maria Alzemira da Silva, mas ela não quis receber a imprensa. Nenhuma pessoa responsável pelo órgão no RN quis se pronunciar oficialmente.
Ainda de acordo com denúncias dos grevistas, os servidores temporários demitidos não chegaram a receber o salário do último mês trabalhado, nem o direito às rescisões de contrato. Teve funcionário em greve que perdeu até R$ 5 mil reais em desconto no salário pelos dias parados.
Greve prejudica divulgação das pesquisas
Após afetar a Pesquisa Mensal de Emprego referente a maio, a greve dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) impediu a divulgação de quatro pesquisas estruturais previstas para o mês junho. Os levantamentos prejudicados foram a Pesquisa Industrial Anual – Empresa, Pesquisa Industrial Anual – Produto, Pesquisa Anual da Indústria da Construção e Pesquisa Anual do Comércio, todas referentes a 2012. Os estudos têm defasagem maior do que as pesquisas conjunturais, divulgadas mensalmente, por trazerem volume maior e mais detalhado de informações sobre as atividades.
FONTE: JHRN
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